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Salve a Depressão

depressão tem cura?

Quem sabe o que é ter que levantar pela manhã quando todo seu corpo e mente se recusam a fazê-lo, principalmente depois de se ter passado a noite em claro?

Como é difícil respirar, quando se tem a sensação que seu pulmão é maior que seu peito e nenhum ar é capaz de entrar. Quão sofrido é ter que falar, sorrir, trocar palavras quando queríamos ser apenas nuvens. Que desespero é querer chorar, gritar, cair na cama e apagar, e, ainda assim, responsavelmente, como bem espera a sociedade e seu código de conduta, termos que cumprir nossa responsabilidade cotidiana.

Há algo que massacre tanto como o cotidiano quando fugimos da eternidade, quando não suportamos mais o agora? Como é possível viver sem sentido? Dá para continuar vivendo quando não mais suportamos a angústia que nos enlaça? Para onde migraram as esperanças que cultivávamos, os sonhos que sonhávamos, o desejo de ser e ter, a vontade louca de viver?
O que fazer? Morrer?

Mas também por questões do amor. Amor dá depressão? Ah! Dá sim, principalmente quando aquele a quem amamos vive a depressão, aí, muitas vezes, nossa incapacidade em ajudar nos carrega junto para a depressão.  Como é doído ver as lágrimas nos olhos amados, ver-lhe o vazio e a desesperança, a tristeza, a falta de motivação, ou então, a energia sendo gasta inutilmente em gestos destrutivos, em excessos sem necessidade e precisão. 

Qual a medida do amor? Qual o limite e possibilidade de distanciamento? Qual nosso limite de preservação? Onde buscar ajuda? Qual o remédio?

Que pena! Não há pílula mágica, não dá para tomar prozac a vida inteira, com o tempo a dor volta, volta o choro, o sono diurno, a insônia noturna, a falta de apetite, ou a fome sem apetite, o ar fica rarefeito, enfim, sucumbimos novamente.

Precisamos de ajuda, porém raramente a queremos. Somos levados ao médico, ao terapeuta e aí nos entregamos para que eles façam o milagre da transformação. Projetamos neles a responsabilidade de nos tornar melhores, mais felizes, leves e capazes de viver. 
Viver ou sobreviver? Podemos mesmo ir além da sobrevivência? Há um “por que” viver?
Qual o sentido da vida? Qual o sentido da minha vida?

É esse o primeiro passo para a cura da depressão: buscar o sentido da vida. É a isso que a depressão se propõe. Levar-nos para as profundezas de nós mesmos, para, então, resgatarmos o sentido de nossa existência, entendermos o mito do significado de nossas vidas e, aí, retomarmos o rumo de nossa plenitude.

Há salvação na depressão e não apenas da depressão. Ela é o chamado do Self para a rendição do ego. Para que, enfim, entremos em contato com nossa natureza real e verdadeira, para que realizemos o propósito de nossa existência. Não é um caminho fácil, tranquilo. É sempre muito doloroso abrirmos mão de nossas personas, elas nos trazem ganhos em decorrência da adaptação que proporcionam, e nem sempre meu verdadeiro Eu é adaptável.
Mas e daí? Numa sociedade tão esquizoide será bom ser adaptado?
Numa sociedade que esqueceu os princípios de igualdade, liberdade e fraternidade, o saudável é mesmo ser diferente. 

Podemos viver em pecado mundano e ser felizes, mas jamais conseguiremos paz e felicidade se trairmos a nós mesmos.

Quando a depressão bater pense: o que é que está fora de lugar? Onde meu Eu se coloca nesta situação? 


Por essas e outras questões existenciais que o estudo da Psicologia Junguiana, ou Psicologia Profunda, se justifica. Quando estamos no “fundo do poço” e não queremos segurar a corda. O psicoterapeuta junguiano reconhece os estados da alma, a angústia, a melancolia, a depressão.

Autora: Dra Ercilia Simone Dalvio Magaldi

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