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Inteiro mesmo é quem descobriu o “Servir”

A temática desse artigo diz respeito ao servir. Vivemos a contemporaneidade que preza e direciona a homogeneidade, que aos poucos nos isola e afasta de uma identidade individual. O servir fala da ampliação e do genuíno desenvolvimento da consciência e com isso alcançar o homem inteiro. Assim, o desejo de encontrar o propósito da vida estará na disposição honesta do sacrifício da jornada.

Resumo: A temática desse artigo diz respeito ao servir. Vivemos a contemporaneidade que preza e direciona a homogeneidade, que aos poucos nos isola e afasta de uma identidade individual. O servir fala da ampliação e do genuíno desenvolvimento da consciência e com isso alcançar o homem inteiro. Assim, o desejo de encontrar o propósito da vida estará na disposição honesta do sacrifício da jornada.

Vivemos na busca incessante na tentativa de alcançar um estado de equilíbrio e plenitude nas diversas áreas da vida, desde a física e social até a emocional, intelectual e espiritual.  

Poderíamos falar aqui, de modo redutivo que bastaria o nosso envolvimento integral com a harmonia das virtudes, aceitação das limitações e desenvolvimento contínuo das potencialidades, para que fosse dada a largada em direção a jornada única de cada um de nós. 

E ainda, que cultivando hábitos saudáveis de autocuidado, bem como atenção as diversas formas de relacionamento, em algum momento seríamos arrebatados por um significado maior e dessa forma estaríamos falando de propósito de vida e evolução. 

Mas, na prática, essa transparência e linearidade nem sempre estão presentes e a contento, onde o desafio de protagonizar e sustentar uma estória genuína, produtiva e assertiva pode ser muito maior do que se imagina. 

Vivemos a contemporaneidade de intensa pressão, e com isso lançados para fora, para o externo, constantemente.

Corremos sem direção, a fim de dar conta de tudo aquilo que possa anestesiar nossos anseios. Consumimos por diversas vezes o que não precisamos e até o que não conhecemos. Também podemos replicar ideias sem crítica e reflexão para que possamos nos manter na famosa “zona de conforto“, nas massas. 

A Psicologia analítica – prospectiva por natureza provoca a reflexão do ser humano INTEIRO, do ser humano que busca o seu caminho e nele encontra o seu propósito de vida. Dessa forma, a motivação para este artigo coaduna com a hipótese de que só encontrará o seu propósito de vida quem estiver disposto a SERVIR

Nas entrelinhas somos convocados a perfeição, ao mesmo tempo que sabemos ser esse estado algo impossível de ser alcançado.

Muitos de nós, de maneira destemida, partem desenfreadamente rumo a essa conquista ilusória do ego que envolve prazer, poder e controle, e uma outra parcela se acomoda em padrões condicionados intermináveis. 

Como bem diz Stein (2020), quem somos como indivíduos, faz parte de uma complexa rede de diversos componentes, reunidos em um “objeto” psicológico que se chama self e o opus humano, ou seja, a obra que podemos realizar, diz respeito a tomar consciência sobre tudo aquilo que nos é ofertado, para de forma criativa ampliar e só depois devolver à vida. 

Mas do que se trata este SERVIR?

Bem, primeiramente podemos falar do despertar e do desenvolvimento da consciência, que tem sua sustentação no processo de uma vida inteira – o processo de individuação

As conquistas desse processo fazem referência ao alcance de autonomia e liberdade acerca das identidades que foram criadas na infância e adolescência e que se consolidaram através de apegos e até mesmo necessidades de pertencimento (Stein 2020).

E ainda, um perigo a que Jung se referia com frequência diz respeito a força dos movimentos coletivos que pode arruinar com facilidade os indivíduos. Testemunhamos constantemente o prejuízo da alma por consequência do predomínio da homogeneidade, que acaba por engolir a identidade individual.

O movimento para a individuação é um axioma, não é opcional e sua exigência imperativa é uma tarefa contínua (Stein, 2020).

Uma escolha também implica deixar algo para trás e as vezes, de forma dolorosa, um movimento de crescimento ao desconhecido. 

Suportando a solidão de nossa jornada e confrontando o sofrimento, estaremos próximos de quem devemos ser de verdade.

Para von Franz (2020) é preciso encontrar o mito de cada pessoa e com isso, o sentido ou lugar em que se possa ser criativo na sociedade, levando-se em conta que um mito é coletivo e não pessoal e por isso deve-se dividi-lo com os outros. 

Só assim podemos falar sobre o servir em seu significado mais amplo e profundo. Servir a vida envolve a busca por autenticidade e significado, alinhado com valores e propósitos únicos. Implica na sintonia com os princípios universais que regem a existência humana, reconhecendo e integrando o bem e mal em nós. 

Jaffé (2021) analisa que não há comunidade sem o indivíduo e que sem comunidade, mesmo o indivíduo mais livre e seguro de si, ao longo do tempo não poderá prosperar. Reforça ainda, que o processo de individuação exige uma confrontação implacavelmente honesta com os conteúdos do inconsciente. 

E quais seriam as consequências de se evitar todo esse risco? No mínimo a falta de desejo pela vida e certa ambição, para desembocar na estagnação do processo de desenvolvimento e prejuízo para a alma. 

A consciência racional, quando supervalorizada de forma unilateral, é a raiz das doenças psíquicas do homem moderno, de um mundo dominado pelo eu. 

Deixar de ser servo, para servir, é um risco e também um sacrifício. É abandonar proteção e benefícios em prol da liberdade criativa. Um indivíduo pronto para servir é aquele que se esforça para superar as restrições da sociedade, do meio familiar e de todas as expectativas externas e assim, de modo autêntico, expressa seu potencial interior, contribuindo para o bem-estar e crescimento individual e coletivo. 

Este ser humano passa agora a servir ao criativo e não mais ao Ego

Patrícia Moura Vernalha – Membro Analista em Formação do IJEP

Analista Didata do IJEP – Waldemar Magaldi 

REFERÊNCIAS:

STEIN, M. Jung e o caminho da Individuação. São Paulo – Cultrix, 2020 

JAFFÉ, A. O mito do significado na obra de Carl G. Jung. São Paulo – Cultrix, 2021 

VON FRANZ, M. A busca do sentido- Paulus,2020 

HOLLIS, J. A passagem do meio- Paulus,1995 

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