Estamos atravessando por um período de muitas transformações. Além das questões ambientais, que já nos assustavam há alguns anos, temos a crise do sistema econômico, com risco de desemprego em massa e mais exclusão social. Aliado a tudo isso, estudos psiquiátricos internacionais apontam que até 2020 35% da população estará sofrendo de depressão e outros 35% estarão dependentes de algum tipo de substancia psicoativa, lícita ou ilícita, ou de comportamentos abusivos, como jogos, compras, sexo, entre outros. De fato, esse cenário não é nada animador e nos faz refletir onde erramos ou deixamos de investir e o que podemos fazer para mudarmos esse futuro tão insólito e assustador.
É nesse sentido que, há algum tempo, eu e alguns colegas das áreas de saúde e humanas estamos investindo nossas energias em estudos de psicologia junguiana, ciências da religião, psicossomática, arteterapia, expressões criativas e nos temas relacionados às dependências, abusos e compulsões, incluindo atendimentos sociais com acompanhamento transdisciplinar. Este estudo nos possibilita compreender a última pesquisa feita pela igreja católica que anuncia que 70% dos homens que relatam seus pecados nos confessionários assumem terem cometido luxúria, enquanto que 40% das mulheres vaidade. Ou seja, esses dados só servem para confirmar o quanto nossa cultura ainda é machista, exigindo dos homens o prazer sexual imediato e muitas vezes inescrupuloso, transformando as mulheres em objetos de desejo que, por sua vez, investem cada vez mais em moda e cosmética para se sentirem desejadas, infelizmente, na maioria das vezes, como meras mercadorias.
Porém, felizmente, nossa experiência deixa bem evidente que existe uma saída para toda essa crise, que eu tenho chamado de impermeabilização ou plastificação do ego e do planeta, onde a troca verdadeira cada vez mais está comprometida. A saída, a nosso ver, é investirmos pesado na educação, principalmente dos educadores. Pois ninguém pode levar o outro para além de onde conseguiu chegar. Por isso é necessário criamos um movimento de valorização e autoconhecimento para todos os educadores. Só assim poderemos, em médio prazo, reverter essa situação tão angustiante. Mas, para que isso possa acontecer, precisamos exigir dos nossos governantes esse tipo de compromisso, pois sem a adesão deles é óbvio que o caminho será mais lento.
Waldemar Magaldi Filho*
*Waldemar e Simone Magaldi são analistas junguianos, doutores em Ciências da Religião e fundadores do IJEP –Instituto Junguiano de Ensino e Pesquisa (www.ijep.com.br), que oferece cursos de pós-graduação em Brasília, São Paulo e outras cidades, titulando e formando especialistas nas áreas de Psicoterapia Junguiana, Psicossomática, Arteterapia e DAC – Dependências, Abusos e Compulsões.