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Partindo de uma leitura simbólica da gula como resultado do ato de alimentar indiscriminadamente e exageradamente os instintos até transformá-los em compulsões, o presente artigo levanta questões e reflexões sobre como estamos agindo individualmente e coletivamente para manter a ordem do que chamamos a sociedade da gula. A manutenção de comportamentos compulsivos parece ser um dos principais fatores que causam o afastamento do indivíduo da alma e consequentemente do processo de individuação. Talvez uma das chaves para encontrarmos um caminho harmônico para a progressão da libido esteja na possibilidade de se experienciar saudavelmente as diferentes qualidades de fome que se apresentam em nossa vida, tanto de maneira literal, quando simbólica.

Muitas vezes sentimos que estamos estagnados, com dificuldades em atender as demandas do dia a dia da mesma forma, no mesmo ritmo, com a mesma intensidade e destreza que estamos habituados. Nesses momentos, onde estamos com a libido voltada para o mundo interior, somos convidados a olhar para dentro, de uma forma e num ritmo diferentes. Se usarmos a imagem do Eremita para ilustrar este momento, podemos imaginar que ele nos convida a uma caminhada diferente, para o nosso mundo interno, trazendo luz para a escuridão, prudência para nossos atos, transformando todo nosso aprendizado em sabedoria.

O presente texto pretende refletir sobre a mentira no contexto psicoterapêutico à luz da psicologia junguiana. É feito um entrelaçamento reflexivo entre o ato de mentir e ideias de Nietzsche, Hegel e Espinosa sobre a verdade e a mentira; é personificado o ato de mentir como um atravessamento de Hermes e sua tensão com Apolo, como alternativa à possível aporia de um diagnóstico ou classificação estanque. Por fim, a personalidade do analista é convidada em seu ofício e em sua vida a participar dessa reflexão e deste compromisso: acolher em si a verdade e a mentira, deuses que nos habitam e atravessam.

Fazendo uma leitura psicológica do fenômeno conhecido como possessão, podemos afirmar que estamos falando, dentro da teoria junguiana, de complexos constelados. Segundo Jung a via régia para o inconscientes são exatamente os complexos, os quais podem se manifestar de diferentes maneiras, sendo uma delas nas imagens oníricas. No presente artigo exploramos como um sonho pode, através de suas imagens e de seu enredo, mostrar de maneira clara as afirmações acima, assim como suscitar reflexões conscientes que levem o indivíduo a uma melhor adaptação e harmonização da sua vida cotidiana.

O objetivo deste artigo é trazer uma reflexão sobre o autoconhecimento e a psicologia analítica. Este é um termo tão utilizado atualmente, em todos os locais e fóruns que participamos, que me pergunto se sabemos mesmo do que estamos falando. Você tem que se conhecer para: emagrecer, viajar, arrumar emprego, ler um livro etc. Preenchemos os mais diversos inventários e esses sabem mais a nosso respeito do que nós mesmos sabemos. O mundo está cheio de fórmulas mágicas. Mas é tão fácil assim mesmo? De onde vem tantas receitas simples e ao mesmo tempo tanta dificuldade de sabermos quem somos.

A natureza masculina, independente de identidade de gênero ou orientação sexual, é marcada por diferentes heranças – biológicas, psicológicas, culturais, espirituais e sociais – que influenciam nos papéis que o homem deve assumir. O Dia Internacional do Homem é comemorado em 19 de novembro, enfatizando o resgate de valores e a conscientização da saúde masculina, com a campanha Novembro Azul. É comum as atenções se centrarem principalmente no câncer de próstata, porém a saúde psíquica requer atenção, com as crises de identidade cada vez mais presentes em diferentes fases da vida. Entre várias possibilidades evidencio, neste artigo, os mitos para aprofundamento, dando mais atenção ao mito de Héracles, também conhecido como Hércules, o herói dos 12 trabalhos, que pode ser inspirador para a ressignificação de conflitos do masculino, contribuindo para a sua evolução.

Qual meu lugar no mundo? Que corpo é esse? Que humanos somos nós nesse mundo desalmado? Será que carrego em mim recursos para trilhar essa jornada? Que recursos posso buscar nesse caminho? Essas são perguntas que muitos de nós fazemos no dia a dia, e que serão ampliadas neste artigo.

Vivemos há algum tempo em uma situação de ausência de corporeidade nas relações que, apesar de agravada pela pandemia, já era um reflexo de um estilo de vida bastante difundido na sociedade pós-moderna e contemporânea. Somamos aos paradigmas sociais, políticos e econômicos da sociedade contemporânea neoliberal, as inovações tecnológicas, e o que acabamos por testemunhar é uma dificuldade nas relações objetais e no estabelecimento de laços. Já há tempos, nosso imaginário se deixa levar por enredos ficcionais onde uma “era digital ou robótica”, enaltecida e temida, destila todo seu poder onipotente de desmaterialização e desumanização. Mas, aparentemente, alguns desses enredos se tornaram uma realidade.

Não é de hoje que ao abrir os sites de notícias, ao assistir os telejornais somos inundados por notícias mórbidas: assassinatos, mortes, violências, roubos, assaltos, agressões de toda espécie são tão constantes que quase banalizamos esses fatos. A fome, o desemprego, a miséria, as doenças, o ódio, a descriminação estão tão concretos que quase os “pegamos no ar”. As mídias sociais evidenciam a quantidade de ofensas, xingamentos e cancelamentos, numa espécie de apedrejamento virtual. O ódio, o preconceito, a falta de empatia parecem ter deixado de fazer parte dos aspectos sombrios e passaram a ser o “novo normal” da convivência, principalmente nas plataformas virtuais. A distância e o semianonimato facilitam com que a educação, o diálogo e a civilidade passem longe das conversas. Muito se discute sobre a ontologia da maldade. Seria ela a falta da bondade ou a “privatio boni”, ou teria ela sua própria substância?