Resumo: O presente artigo busca refletir sobre a dinâmica de construção da relação da mulher (ou de uma consciência identificada com aspectos do feminino) com o arquétipo do animus, buscando visualizar como este se manifesta nas imagens oníricas em diferentes momentos da vida e também como tais imagens colaboram para um maior entendimento e integração de seus conteúdos inconscientes.
Os três primeiros sonhos, apresentados e discutidos no livro O Caminho dos Sonhos, série de entrevistas de Fraser Boa com Marie-Louise Von Franz, fornecem-nos um panorama muito instigante sobre o caminho de evolução da relação com o animus e da trajetória simbólica da psique feminina, sugerindo uma perspectiva potencialmente orientadora do arquétipo.
O quarto e último sonho, presente no livro Os Sonhos e a Morte, também de Von Franz, fornece-nos uma possibilidade de leitura que aponta para a consumação do casamento sagrado entre ambos os aspectos, o feminino e o masculino. Sejam esses aspectos conscientes ou inconscientes – o assim chamado Hierosgamos.
A série de sonhos a seguir nos convida a pensar no arquétipo do animus tanto como portador de uma maré de violências e desgraças quanto de sabedoria e orientação. Assemelhando-se, assim, ao arquétipo da anima para a psique identificada com aspectos do masculino.
É o animus que leva a mulher a empreender longas jornadas de autoconhecimento, ao mesmo tempo em que pode destruir e dizimar tudo aquilo que está sendo criado ao longo do caminho. É um arquétipo extremamente poderoso na psique feminina.
Mas vamos aos sonhos da série:
EXEMPLO DE SONHO 1: SONHO DE UMA INGLESA NO OITAVO MÊS DE GRAVIDEZ
Nesse sonho eu subia de bicicleta até Pitchcombe Hill e me surpreendia com minha própria energia. Eu estava cheia de vitalidade. Quando cheguei no alto do morro vi nuvens se aproximando, ia cair uma tempestade. Alguns dos homens que estavam comigo sugeriram que esperássemos a chuva passar. Descemos das bicicletas e olhamos para o vale. Vimos lá longe uma grande onda, da qual saía um enorme peixe que veio deslizando pelo chão até nós. Um dos homens disse que o Armagedom se aproximava. Isso me deu um certo pânico, mas também uma sensação confortável porque estava entre amigos e sabia que tudo ia dar certo (VON FRANZ, M. L., 1992, p. 183).
EXEMPLO DE SONHO 2: SONHO DE UMA JOVEM NA PRIMEIRA GRAVIDEZ
Eu estava no campo e à minha esquerda via uma velha casa de fazenda. Percebi que fazia parte de uma espécie de comunidade rural. Vi alguns cowboys que vinham descendo um morro. Quando chegaram embaixo, começaram a atirar em pessoas que saíam da casa, especialmente mulheres grávidas e crianças. Fiquei perturbada e perguntei o que estavam fazendo. Disseram que a única maneira de ter lucro era livrar-se do excedente de pessoas, que a comunidade podia alimentar a todos, mas que para realmente ter lucro era preciso livrar-se de algumas pessoas. Percebi que provavelmente me matariam também. Entrei na casa e me vesti de cowboy. O problema é que minha barriga estava tão grande que não dava para fechar a calça. Eu estava vestida de cowboy com a barriga aparecendo. Saí da casa sorrateiramente. Olhei para trás e vi que eles jogavam corpos numa fogueira (VON FRANZ, M. L., 1992, p. 184).
Von Franz faz uma análise realmente instigante desses sonhos que, de acordo com ela e com o entrevistador Fraser Boa, trazem uma temática que aparece com frequência em sonhos de mulheres grávidas.
As figuras ameaçadoras que querem destruir, perseguir ou matar as mulheres, representadas no primeiro exemplo como o enorme peixe e no segundo pelos cowboys. Tais figuras podem representar as muitas situações limiares na vida da mulher, nas quais algo deve ser destruído para que algo novo possa nascer, isto é, uma vida totalmente diferente em todos os sentidos.
Ambas as mulheres vivem – por óbvias razões, isto é, por conta da gravidez e de todas as incertezas que tal estado comporta – um momento de falta de orientação e de guiamento.
A leitura de Von Franz é extremamente interessante também no sentido que estabelece pontes com os diversos papéis assumidos pelas mulheres na contemporaneidade, o que as tira do estado de interioridade, contemplação e quietude demandado pelo processo de gestação. Assim como uma nova vida deve ser gestada, também uma nova existência da mulher, um novo desenvolvimento, uma grande mudança, precisam ser gestadas e precisam da introspecção para que a orientação possa emergir a partir da relação com aspectos do inconsciente.
Assim como na gravidez, que assume um caráter de mudança definitiva na vida de uma mulher, outros momentos requerem e clamam por um processo de interiorização e autorreflexão. No entanto, na maioria das vezes, as mulheres não podem ou não conseguem parar para escutar, sentir, vivenciar plenamente tais momentos.
Algumas vezes, por medo do sentimento de vulnerabilidade que tais momentos trazem em si e, outras vezes, porque acreditam que toda a sua vida será transformada de modo definitivo e que terão que abrir mão de tudo que construíram ou que queriam construir.
No primeiro sonho, uma enorme onda vista de cima, uma tempestade se aproxima, o Armagedom, a batalha final de Deus contra a humanidade, o fim de uma era e de uma existência. Dentro desse cenário, um grande peixe é arrastado pela enorme onda até perto deles. As reações emocionais, de certo modo, estão simbolicamente ligadas às ondas, às marés, às fases da Lua, e uma mulher grávida está intimamente conectada com os movimentos das águas e das emoções. O enorme peixe, a novidade, aquilo que sai do grande oceano e é arrastado para perto dela.
A grande e nova responsabilidade da vida, um ataque que emerge a partir do medo do desconhecido:
Os ataques são ainda piores durante a gravidez porque enquanto não há filhos a mulher ainda pode brincar com a ideia de divórcio, mas quando um bebê está a caminho ela se sente comprometida pelos próximos dez ou quinze anos. E aquele lado rebelde e amante da liberdade da personalidade da mulher se revolta.
VON FRANZ, 1992, p. 185
No segundo sonho, a mulher vê cowboys que atacam e agridem grávidas, queimando-as na fogueira. Segundo Von Franz, os cowboys simbolizam seu desejo intrínseco por ação e uma vida ativa, que não se alinha com a tranquilidade da gravidez. Embora não sejam representações do mal, destacam o conflito interno entre seu impulso por realizar e o período de introspecção que a gestação requer. Como em todos os momentos de profunda mudança e transição, o chamado para a introspecção entra em cena e imagens de intensa força e significado arquetípicos são observadas nos sonhos.
Assim como na anima para o homem, o animus para a mulher, nesses momentos, poderá assumir feições ameaçadoras e destrutivas, perigosas e aventureiras, indicando um excesso de energia para o mundo exterior das conquistas e realizações materiais, mas sem direção ou autocuidado. Ou também um completo exaurimento, resultante das batalhas e agressões internas que ocorrem entre aquilo que a mulher deseja conquistar no mundo exterior e aquilo que faz parte de sua natureza feminina e que clama por espaço e atenção.
Dependendo do aspecto assumido pelo animus, essas batalhas podem durar muitos anos até que, finalmente, ambas as instâncias da psique consigam conviver em harmonia, cada uma ocupando e germinando o próprio território com tranquilidade e constância, num equilíbrio de importância vital para a realização da mulher.
Nesse momento de harmonia, o animus assume um aspecto completamente diferente na psique feminina. É quando começa a se tornar sua bússola, aquele que apoia, dá sustentação às ações da mulher, direcionamento e sentido. No próximo sonho, vemos um exemplo do animus na psique feminina começando a assumir um aspecto de guia interior.
EXEMPLO DE SONHO 3: SONHO DE UMA MULHER NA SEGUNDA METADE DA VIDA
Nesse sonho eu nadava numa caverna muito profunda e escura. A água também era escura. Na extremidade da caverna havia uma rocha enorme. Nessa rocha estava um cachorrinho bege, felpudo, com os olhos de ouro. O animal sorria para mim e eu sabia que ele representava Cristo. Não sei como, mas eu sabia (VON FRANZ, 1992, p. 187).
Von Franz discorre belamente sobre o simbolismo da caverna como sendo as profundezas da terra, da matéria, do nosso corpo e da nossa alma (Cf. VON FRANZ, 1992, p. 187), e ali, onde menos se espera, a sonhadora encontra Cristo, representado por um cachorrinho felpudo. Cristo não está lá fora, na imensidão dos céus, mas sim nas profundezas na terra, na profundidade do próprio ser. É ali que podemos encontrá-lo.
A simbologia do cachorro e seu processo de domesticação e a importância da força instintiva que esse ser representa são ampliados por Von Franz na sua análise.
Os cães nos dão segurança, seus instintos garantem que as ameaças serão detectadas e combatidas (Cf. VON FRANZ, 1992, p. 188). Ao mesmo tempo, o cãozinho felpudo de olhos dourados do sonho parece estar mais interessado em seu aspecto divino. É um cão que já assumiu o papel de guia, daquele que vai enxergar na escuridão e, de modo tranquilo, sorri para ela, como quem diz: “estou aqui, sou seu guia e tudo vai ficar bem”.
Von Franz também destaca o fato do guia interior e suporte da alma da mulher ser visualizado como o Cristo, uma figura masculina ali representada pelo cachorro. Ressalta que, dentro das tradições religiosas e até mesmo culturais do Ocidente, desconsideramos, por não reconhecermos imageticamente, tais características em figuras femininas (Cf. VON FRANZ, 1992, p. 188-9).
O animus pode vir ao nosso auxílio, vale dizer, pode ser convocado, nos momentos da vida em que se fazem necessárias algumas forças em oposição para gerar a energia necessária para o movimento, mudança e transformação.
Ele vem nos apoiar na realização da tarefa do momento e, em sendo bem-sucedido, uma nova regulação acontecerá no eixo ego-Self que permitirá com que o indivíduo, no caso aqui a mulher, ultrapasse mais um desafio e reencontre seu equilíbrio para a grande realização do Self, isto é, para o processo de individuação.
EXEMPLO DE SONHO 4: A CHEGADA [2]
Para o quarto e último exemplo de sonho, mais uma vez, colhi a inspiração da obra de Marie-Louise Von Franz, intitulada Os Sonhos e a Morte – Uma Interpretação Junguiana (VON FRANZ, M. L., 1990), onde ela cita um dos sonhos de uma série relatada por Jane Wheelwright (WHEELWRIGHT, J., 2022). Trata-se de uma jovem paciente, de nome Sally, de 37 anos, que enfrentou um câncer em estágio avançado na década de 60, época de poucos recursos para o tratamento da doença.
O sonho inicial, considerado pela autora o mais importante do processo de análise, segue abaixo:
Cheguei a uma torre suméria com grandes rampas em zigue-zague até o topo. Era também a Faculdade Estadual da Califórnia do Sul, situada um pouco acima da Universidade da Califórnia do Sul. Eu tinha de subir até o topo – era uma provação terrível. Quando cheguei lá, olhei para baixo e vi, na cidade, construções sumérias, românicas, góticas e da antiga Índia. Aberto à minha frente havia um livro grande e requintado. Estava belamente ilustrado com detalhes arquitetônicos daquelas construções, seus frisos e esculturas. Acordei aterrorizada com a altura da torre (WHEELWRIGHT, 2022, p. 28).
A bela torre suméria com grandes rampas em zigue-zague foi considerada por Von Franz, e também por Wheelwright, como uma imagem do Self, porque para os sumerianos, os zigurates – como eram chamadas essas torres – eram considerados o centro do mundo, o eixo que liga o céu e a terra. A sonhadora precisaria atingir “um nível muito mais alto de consciência antes de poder morrer” (VON FRANZ, 1990, p. 67).
Wheelwright também considera esse primeiro sonho um exemplo de grande sonho, não só por sua clara alusão a uma edificação que simbolizaria o próprio Self da sonhadora, mas também por seus aspectos histórico-culturais impessoais, pelas imagens que nos remetem a um acervo possível do que Jung denominou de inconsciente coletivo e os processos de desenvolvimento da psique ao longo do tempo (Cf. WHEELWRIGHT, 2022, cap. 3).
O zigurate sumério, com suas rampas em zigue-zague alcançando o ápice (semelhante à montanha, à pirâmide de três lados, à torre, à árvore, à escada de Jacó), é um símbolo ancestral na arquitetura que carrega um significado profundo e intricado. Supõe-se que tenha suas origens no período Neolítico, durante a era matriarcal suméria, pois no topo do zigurate, era realizado o ritual simbólico do matrimônio entre a divindade masculina e feminina. Durante esse período, a sacerdotisa, personificando a deusa, liderava o ritual, unindo-se a um filho ou a um jovem, que depois era sacrificado (Cf. WHEELWRIGHT, 2022, cap. 3).
Trata-se de “um sonho cósmico, sonho de espaço ordenado, intimando a consumação do casamento sagrado – o Hierosgamos” (WHEELWRIGHT, 2022, p. 29), “o objetivo final da individuação” (VON FRANZ, 1990, p. 67).
O casamento sagrado, a totalidade, a necessidade de começar a vislumbrar a própria psique como algo que vai muito além do ego, do centro da consciência. O centro então é deslocado e é posicionado num nível mais alto, num local para onde ela deve se direcionar com muito esforço para o ritual final de união dos diferentes aspectos psíquicos:
Ela ascende a essa altíssima estrutura central que, como a árvore cósmica ou o pilar central, liga o céu e o inferno à terra. O esforço supera a experiência comum, vai além dos limites da vida humana e, talvez, do confronto com a morte. Se, através da análise, ela se esforçar conscientemente para alcançar o objetivo que o sonho aponta, terá necessariamente de embarcar em uma árdua e vertiginosa escalada. O possível caos subsequente seria aterrorizante, por isso não é de admirar que ela fique com medo (WHEELWRIGHT, 2022, p. 29).
No entanto, após o terrível esforço que consome muito da sua própria energia, a sonhadora se depara com um mapa, o livro majestoso e detalhado, ornado com ilustrações precisas dos elementos arquitetônicos das construções, que poderá atuar como seu guia interior. Ele, o animus, seria o intermediário entre ela e a cidade-Self interior, regulando o eixo para as trocas necessárias à jornada de sua última iniciação, considerando a preparação para a morte também como uma iniciação, onde a força orientadora do animus indicará o caminho espiritual para assimilar o significado dos imponentes símbolos do inconsciente que emergem no sonho.
Faz-se necessário, mais uma vez, e desta vez talvez seja a última, um redimensionamento do ego, para que ele possa perceber sua limitação.
A sonhadora sente o medo do desconhecido, mas percebe que poderá contar com o auxílio de seu guia interior, o livro, o espírito, o depositário de algo muito mais amplo do que sua própria experiência pessoal de vida e morte do ego:
Psicologicamente, podemos compreender esse processo como uma transformação do egocentrismo em consciência do ego. Todos os nossos impulsos sombrios levam a um egocentrismo do desejo, do afeto e da vontade. A todo custo, a pessoa quer conseguir o que deseja, geralmente de modo infantil. Se o ego for capaz de tomar consciência desses impulsos e subordiná-los ao Self (ao “deus interior”), sua ígnea energia se transforma na descoberta da sua identidade. O ego então se conscientiza do seu limite; o caixão de chumbo, que parece confinar, se transforma num vaso místico, num sentimento de estar sendo preservado e “contido.
VON FRANZ, 1990, p. 38
Vemos no sonho muitos opostos sendo colocados lado a lado: O velho e o novo, Ocidente e Oriente, o religioso e o secular, o feminino e o masculino.
Wheelwright considera que a justaposição dos opostos, especialmente de símbolos tão poderosos, refere-se a momentos de muito sofrimento e depressão, aos momentos de embates de forças internas (Cf. WHEELWRIGHT, 2022, cap. 3).
A morte, representando simbolicamente tanto a travessia final quanto a chegada a um novo ponto de partida, paradoxalmente, tem o potencial de abertura para novas existências: o que parece o fim absoluto é apenas o fim dos desejos e impulsos do ego que devem, finalmente, se inquinar diante do “guia interior”, e confiar na sua imensa sabedoria e capacidade de criação.
A trajetória do animus na consciência feminina pode ser compreendida como um rito de passagem interior, no qual a mulher, ao atravessar as fases em que esse arquétipo se apresenta através das imagens oníricas como força crítica, opressiva ou sedutora, é chamada a transformar o conflito em aprendizado.
O que no início se manifesta como figuras adversárias, impondo limites e resistência, e até oferecendo perigo, aos poucos revela-se como energia estruturante, cuja função é desafiar a consciência a expandir-se.
Nesse processo, cada confronto carrega em si a possibilidade de transmutação: a voz que julgava passa a sustentar discernimento, a rigidez que aprisionava abre-se em direção à liberdade criativa e o poder, que parecia dominar, converte-se em impulso para a realização autêntica.
Quando integrado, o animus torna-se um guia interior — não mais um inimigo a ser combatido, mas uma presença que ilumina o caminho, aponta direções e conecta a mulher com sua própria totalidade.
Essa evolução não simboliza apenas a superação de uma polaridade interna, mas a conquista de uma consciência mais ampla, capaz de unir razão e imaginação, firmeza e entrega, mundo interno e vida concreta. Assim, o animus revela-se como ponte viva para o Self, conduzindo a mulher a habitar sua essência com plenitude, clareza e coragem.
Isa Carvalho – Membro Analista pelo IJEP
Lilian Wurzba – Analista Didata do IJEP
Referências Bibliográficas:
VON FRANZ, M.L. O Caminho dos sonhos. São Paulo: Cultrix, 1992.
VON FRANZ, M.L. Os Sonhos e a Morte: Uma Interpretação Junguiana. São Paulo: Cultrix, 1990.
WHEELWRIGHT, J. H. Em busca da vida. São Paulo: Paulus, 2022.
[1] Conceito desenvolvido por Jung que corresponde à contraparte masculina presente na psique do sujeito que se identifica com aspectos do feminino.
[2] Título do sonho livremente atribuído pela autora do presente artigo.

![Do Adversário ao Guia Interior: A trajetória do Animus na vida da mulher [1] O presente artigo busca refletir sobre a dinâmica de construção da relação da mulher (ou de uma consciência identificada com aspectos do feminino) com o arquétipo do animus, buscando visualizar como este se manifesta nas imagens oníricas em diferentes momentos da vida e também como tais imagens colaboram para um maior entendimento e integração de seus conteúdos inconscientes.](https://blog.ijep.com.br/wp-content/uploads/2025/12/Do-Adversario-ao-Guia-Interior-A-Trajetoria-do-Animus-na-Vida-da-Mulher-1024x576.png)