No ano de 1936, no ensaio intitulado “Wotan”, Carl Gustav Jung (1875-1961) solicitava a leitores e ouvintes que esquecessem por alguns instantes o ano em que se encontravam e também a ideia de que, “coerentemente com essa data”, deveriam “explicar racionalmente o mundo, tomando por base os fatores econômicos, políticos e psicológicos”. Não era, vamos dizer assim, a gloriosa Razão que merecia ser invocada para se compreender (no sentido de integrar ao campo do conhecimento) o movimento sociocultural e espiritual que levaria dali a poucos anos ao horror da mais avassaladora de todas as guerras.
Preocupado até o fundo da alma com o rufar dos tambores e com a marcha cadenciada dos soldados e das milícias nazistas, e adentrando o vasto, misterioso e muito complexo universo das sombras e do Mal, Jung pedia licença para “proferir uma heresia”: “a de que o velho Wotan, com seu caráter abissal e inesgotável, é uma explicação bem mais acertada do nacional-socialismo do que todos os outros três fatores reunidos” (OC 10/2, 2012, § 385).
A elegância do gesto deixava no entanto entrever uma disputa nada amistosa no território da chamada produção de conhecimento, isto é, desse esforço humano interminável por nos compreendermos a nós mesmos e ao mundo em que habitamos. O criador da Psicologia Analítica estava simultaneamente reivindicando, com esse seu gesto, o direito a se opor à trama estreita, redutora e reducionista das explicações de tipo lógico-racional, para propor horizontes compreensivos de maior envergadura espiritual.
No exercício ousado da “heresia” de traçar um paralelo entre “Wotan redivivo e a corrente social, política e psíquica” que sacudia a Alemanha de então, Jung se vale da autoridade moral e cognitiva de um compreensivo “como se” – um “talvez”, mais do que um “portanto” –, para deixar patente a sua visão do método. Burla, com isso, a confiança irrestrita no método racional-científico e anuncia, pela via da aproximação consciente ao universo em movimento das linguagens dos símbolos e das metáforas, o seu desamparo frente a um sistema cognitivo estacionado nos estreitos limites da “pequena Razão” (Nietzsche), no dogma e, last but not least, na violência.
Jung deixa explícita, nesse como em outros contextos, tanto no plano do indivíduo quanto do social, a aposta num certo método, não ortodoxo e em estreita consonância com o sentido mais elevado do termo grego methodos, de meta = através de, por meio de, e hodos, via, trajetória, caminho: um caminho de busca de compreensão, se necessário com incontáveis cum grano salis, e não sob o jugo da camisa-de-força dos trilhos de uma linha férrea. Um caminho entre outros possíveis, mas um caminho, não mais que um caminho, que o credencia a afirmar com convicção o que vem logo na sequência: “Na verdade, os deuses constituem personificações de forças psíquicas” (OC 10/2, 2012, § 387).
A referência à “heresia” não é fora de propósito. Pelo contrário. No “Prefácio a ‘Ensaios sobre História Contemporânea’”, pequena coletânea publicada em Zurique, em 1946, que inclui os textos “Wotan” e “Após a catástrofe”, aqui citados, Jung traz uma observação que corrobora a ideia de que seu pensamento incomodava às elites pensantes, preocupadas com o pretenso rigor e a pureza do paradigma filosófico-científico dominante. Ele lembrava que sua já antiga e muito forte preocupação com os destinos da Alemanha, patente nos textos que escreveu e nas conferências que proferiu a respeito do assunto, desde os tempos da Primeira Guerra Mundial, “provocaram todo tipo de mal-entendidos”, soando “de modo estranho e inusitado para muitos” (OC 10/2, 2012, p. 12). De novo muito elegante o nosso Jung!
Opostos complementares
A força da aposta na heresia do método, de que os trechos citados representam um exemplo muito pequeno no conjunto da obra junguiana, não poderia se exprimir de forma mais dramática e contundente que no ensaio “Depois da catástrofe”, de 1945. Trata-se da primeira vez que Jung, como ele mesmo lembra na primeira linha do texto, voltava a escrever sobre a Alemanha: “O mito tornou-se realidade, e hoje grande parte da Europa encontra-se em ruínas” (OC 10/2, 2012, § 400).
Wotan, o “desencadeador de tempestades”, o “arquétipo Wotan” (OC 10/2, 2012, § 391), que “incorpora tanto o lado impulsivo-emocional quanto o lado intuitivo-inspirador” (OC 10/2, 2012, § 393), remete o autor à discussão sobre o problema da culpa coletiva, “essa identidade interior ou participation mystique com os acontecimentos na Alemanha” (OC 10/2, 2012, § 402), e, mutatis mutandis, ao tema da sombra, com suas estratégias de projeção, como se o culpado fosse sempre e inevitavelmente o outro, o inimigo, o diferente. Vale a pena, antes de continuar, prestar atenção ao fato de que a visão integradora dos opostos, na leitura que Jung faz da divindade mítica, nos conduz a mais uma das marcas da heresia do método junguiano, configurada na chamada coincidentia oppositorum, ou complementaridade dos opostos, numa clara renúncia ao ponto de vista dualista, unilateral, reducionista.
Voltando ao tema da projeção da sombra, Jung refuta fortemente essa estratégia no contexto da ruína anunciada, e o faz em primeiro lugar numa referência direta ao destino do povo alemão, para corrigir logo em seguida, quando diz que “o assassinato ocorre, em parte, dentro de cada um, e todos, em parte, o cometeram”. Ele complementa, linhas adiante: “Estamos irremediavelmente imiscuídos na impureza do mal” (OC 10/2, 2012, § 408). Que “ninguém imagine poder escapar a esse jogo de contrários”, reforça. “Até um santo deveria orar pelas almas de Hitler e Himmler, da Gestapo e da SS a fim de reparar a vergonha que sofria em sua própria alma” (OC 10/2, 2012, § 410).
Nem a pequena e neutra Suíça de Jung dever-se-ia imaginar livre das dinâmicas sombrias do Mal: “Quem somos nós para achar que algo semelhante nunca se passaria conosco?” (OC 10/2, 2012, § 412). Para Jung, nenhum orgulho histórico se justifica, em parte alguma, menos ainda na Europa: “Acreditávamos ter acabado com todos os fantasmas, mas o que na verdade se constatou foi que eles não mais surgiam nas casas mal-assombradas e velhas ruínas, e sim nas cabeças de europeus aparentemente normais” (OC 10/2, 2012, § 431).
Aparentemente “normais”, ou “saudáveis”, diríamos hoje. Aparentemente. Mas nesse mundo das sombras, as aparências de fato enganam. O mito platônico da caverna o indica.
Esse confronto dos alemães com sua sombra e culpa coletiva se dá no centro de um furacão. Um e outro lado da moeda, ou os “pares internos de opostos”, como lembra Jung (OC 10/2, 2012, § 439), integram a personalidade humana: “O destino obrigou os alemães a se confrontarem com os pares internos de opostos”, ele diz, para evocar a imagem da obra-prima de Goethe, com toda sua força expressiva: “Mefistófeles é o outro lado de Fausto e não pode mais dizer: ‘Isso era, pois, a essência do cão’, mas teve que confessar: ‘Isso é o meu outro lado, meu alter ego, minha sombra infelizmente demasiado real e inegável’”. Como não poderia deixar de fazer, neste e em vários outros trechos de sua extensa obra, Jung insiste no caráter arquetípico, humano e universal da sombra. “Todos nós podemos identificar esta sombra de que emerge o homem de nosso tempo. Não precisamos atribuir a máscara do demônio ao alemão” (OC 10/2, 2012, § 440).
A heresia do método – fundada na ideia-chave de que “humanos é que somos, não máquinas”, como proclama o personagem principal de O Grande Ditador, de Charles Chaplin – sustenta-se, em Jung, na confiança, que ele manifestava, de não estar nem de longe proferindo meras opiniões. Isso o leva não apenas a retomar a ideia de que nós os humanos somos feitos assim, um eterno jogo sem perde nem ganha de opostos, mas a estabelecer, também, à revelia do pensamento científico de linha dura, algo assim como um “princípio-esperança” (Ernst Bloch). Humana, a sombra não é coisa do capeta!
Isso aparece com todas as letras quando Jung afirma que, “na verdade, pouco se ganha em perder de vista a própria sombra, ao passo que o conhecimento da culpa e do mal que habitam em cada um traz muitas vantagens”. Exemplos de “vantagens”: “a consciência da culpa pode […] converter-se no mais poderoso movente moral”, e “sem culpa não pode haver maturação psíquica nem tampouco ampliação do horizonte espiritual” (OC 10/2, 2012, § 440).[i]
O olhar se volta necessariamente para a pessoa, o indivíduo, numa alusão inicial em nada velada ao pensamento de Paulo: “Onde a culpa é grande, a graça pode também ser imensa. Semelhante fato produz uma transformação interior infinitamente mais importante do que as reformas políticas e sociais que, na verdade, de nada valem nas mãos de homens injustos”, pontua Jung (OC 10/2, 2012, § 441). “Sempre nos esquecemos disso, porque olhamos com fascínio para as circunstâncias que nos rodeiam em lugar de examinar nosso coração e nossa consciência. Todo demagogo se aproveita dessa fraqueza humana e denuncia alto e bom som o descaminho das circunstâncias exteriores. No entanto, o que em última instância não caminha bem é o homem.”
Em Jung, a heresia do método se faz compulsoriamente parceira da crítica ao fascínio desmedido pela ciência e pela tecnologia. A máquina não pode roubar o lugar do homem. Numa Europa orgulhosa de si, sob efeito da inflação do Ego na concepção do próprio Jung, ciência e tecnologia avançaram até um ponto antes não imaginado, “mas o homem, que deve utilizar de maneira racional todas essas maravilhas, foi inteiramente esquecido” (OC 10/2, 2012, § 442). Desvinculada dos seus sentidos humanos e sociais, como podemos intuir, a técnica, em vez de ferramenta, remédio, “cura”, como indica um dos sentidos do grego pharmakon (daí “farmácia”), assume o outro lado do mesmo termo, no sentido de droga e veneno.
A centralidade da pessoa, que serve como firme alicerce para a irreverência do método, leva Jung a afirmar a relevância individual, social e política do autoconhecimento e do convívio crítico com as próprias sombras, de “aceitação consciente da culpa coletiva”, de se viver “apesar do mal”. “Uma renovação mental abrangente” se faz necessária, “devendo ser conquistada por cada um”. Para tanto, as “velhas fórmulas” não bastam. “Elas precisam ser geradas novamente em cada época pela alma humana” (OC 10/2, 2012, § 443).
“Força extremamente poderosa”
Quando, linhas atrás, afirmei que “Wotan” e “Depois da catástrofe” oferecem não mais que um pequeno exemplo da aposta, feita por Jung, na heresia do método, provavelmente não estava dizendo nada de errado. Mas muito correto também pode não ser. Não se trata, de fato, pequenos exemplos. Com efeito, Jung não está se referindo a acontecimentos ordinários, ou de relevância histórica inferior. “Não posso esconder ao leitor que nunca um artigo me custou tanto esforço moral e humano. Eu não podia aquilatar o quanto tudo isso me afeta”, confessa Jung, fazendo questão de grifar a alusão a si mesmo, no “me” do final da frase, que aparece com itálico (OC 10/2, 2012, § 402).
As duas guerras mundiais representam, de longe, e de modo bastante especial para Jung, a maior de todas as tragédias do século XX. É como se todo otimismo, vindo lá detrás, no bojo de um movimento cultural que ganhou expressão muito forte no Iluminismo, revelasse de repente sua mais completa fragilidade interior no confronto com a dura realidade da história humana. Já no final do século XIX, esse otimismo, tão fortemente afetado pela arrogância e pelo desprezo, havia produzido nos setores europeus dominantes a sensação de se estar vivendo no melhor e mais avançado de todos os mundos possíveis – uma das primeiras manifestações da ideia de que “a história acabou” vem dali, não de Francis Fukuyama, um dos ideólogos do governo Reagan, nos anos 1980. Um otimismo que esbarra contra e se estraçalha nas cercas de arame farpado de Auschwitz, para se usar uma imagem dramática.
Ora, Hegel (1770-1831) não havia anunciado que a História, em seu movimento dialético, levaria a Humanidade à gloriosa conquista do “Espírito Absoluto”? Karl Marx (1818-1883) não havia intuído a derrota da burguesia e do capitalismo, como resultado das contradições dialéticas da História, culminando na tomada de poder pelo proletariado e na instauração do socialismo, para se chegar, numa etapa posterior, à glória da sociedade comunista? Augusto Comte (1798-1857), nessa mesma linha e quase ao mesmo tempo, não havia celebrado que a Humanidade, agora adulta, havia alcançado o estágio mais elevado da civilização, o da Ciência Positiva, contra toda ignorância, contra todo atraso, contra todo mito e contra toda religião?
A circunstância, quase hilária nesse contexto, de Comte fundar uma religião, a Religião Positiva, com seus sacerdotes, seu catecismo, seus templos e seus rituais, e de ter-se autoproclamado “sumo-sacerdote da Religião Positiva”, mostra como é bom não levar muito a sério a ideia de rigor do método. Na história humana como na vida de cada pessoa, uroboricamente, a cobra costuma viver de morder o próprio rabo.
A mais sombria manifestação do Mal na história do orgulhoso Ocidente branco e cristão se revestia, para Jung, de significados humanos e psíquicos difíceis de dimensionar – e incapazes de ser compreendidos, isto é, integrados numa visão mais complexa, pelos recursos oferecidos pelo método científico tradicional, pelo esquadro e a régua das linguagens da matemática e do rigor. A heresia tem um preço: em mais de uma ocasião e por mais de uma razão, Jung acabou sendo duramente criticado, perseguido até, por setores ocupados em buscar culpados pela catástrofe, em apontar o dedo e projetar sobre outros o peso incomensurável de suas próprias sombras.
Jung se defende: “Fui acusado de ‘não ter dito antes’ o que agora critico em relação à Alemanha. Sentiria muita alegria se meus críticos conseguissem me provar que eles próprios pronunciaram publicamente, em 1933, algo semelhante ou com maior clareza. Minhas conferências eram públicas e assistidas por centenas de pessoas. Tudo foi dito, portanto, no tempo certo, em alto e bom som” (OC 10/2, 2012, § 462a). Jung se refere, nesse trecho, a conferências pronunciadas em Colônia e Essen, na Alemanha, naquele ano, nas quais, entre outras coisas relacionadas à conjuntura do momento histórico, ele dizia que “o homem coletivo ameaça sufocar o indivíduo sobre cuja responsabilidade repousa, em última instância, toda obra humana”. E perguntava: “Entretanto, quem é capaz de opor resistência a essa força de atração tão poderosa que arrasta tudo e todos?” (OC 10/2, 2012, § 462).
Em suma, não parece de forma alguma exagerado acatar, com leveza de espírito e com o sentido da responsabilidade individual e coletiva, o que Jung, em todo esse contexto pessoal e coletivo de tragédia e dor, afirma explícita e implicitamente sobre o método, com a consequente crítica ao “cogito” da ciência estabelecida. Na guerra, os demônios andam à solta, não por último os demônios da mais avançada tecnologia da arte de matar.
Conclusão análoga poder-se-ia tirar sobre significado e valor de tudo quanto Jung, nesse mesmo contexto, nos apresenta sobre a sombra. Ali, onde o Mal se deixa ver e sentir com a sua força irresistível, o tema do confronto com a sombra individual e coletiva parece assumir uma importância e uma dramaticidade ímpares. Não passa despercebido o fato de que o texto que acompanha os dois ensaios de que se está tratando seja justamente “A luta com a sombra”, uma conferência realizada para um programa veiculado pela BBC, em 3 de novembro de 1946.
Nesse ensaio, Jung retoma o tema da “psicopatologia de massa”, empenha-se na leitura da tragédia da Segunda Guerra à luz da “força extremamente poderosa das sombras” (OC 10/2, 2012, § 455) e, depois de diagnosticar em Hitler “uma personalidade inteiramente psicopática, incapaz, desajustada e irresponsável, cheia de fantasias ocas e pueris”, representando “as sombras e a parte inferior de toda personalidade num grau extremo” (OC 10/2, 2012, § 454), assim respondia à pergunta “O que deveriam ter feito os alemães?”: “Todo alemão poderia ter reconhecido em Hitler as suas próprias sombras e percebido o terrível perigo que representava”.
O confronto com a sombra, no entanto, nada possui de fácil: “Cada um de nós poderia ter tomado consciência de sua própria sombra e ter-se encontrado com ela. Como então esperar que os alemães tivessem compreendido tudo isso se ninguém no mundo consegue compreender uma verdade tão simples?”. A dinâmica ordem-e-caos exige o que para muitos parece impossível: “O mundo jamais alcançará um estado de ordem sem reconhecer essa verdade” (OC 10/2, 2012, § 455).
A crítica à “massificação” do homem europeu retorna, com ênfase, em “Posfácio a ‘Ensaios sobre História Contemporânea’”. É no indivíduo que pensa Jung: “Não falo para nações, falo para indivíduos, para alguns poucos que sabem que nossas realidades culturais não caem do céu, consistindo em realizações de homens individuais”. Para Jung, “se tudo está indo mal é porque o indivíduo vai mal, é porque eu estou mal” (OC 10/2, 2012, § 462).
Considerações finais
Talvez se devesse dar o título de “considerações iniciais” a essa viagem curta e rápida ao território da busca incansável de Jung por se aproximar ao mundo da psique humana e de suas necessárias ligações com temas como o Mal e a sombra, a vida individual e coletiva, o social, o político e o cultural.
Ao se atribuir à visão junguiana o qualificativo de “complexa”, roçamos apenas de leve na aposta de Jung em uma busca de compreensão de tipo multiangular, multiperspectívico, plural dos fenômenos sociais e humanos. O outro lado dessa mesma ação inclui, mais do que a irreverência, a rebeldia intelectual contra o reducionismo, o determinismo e o mecanicismo que costumam acompanhar, de muito perto e quais fantasmas assustadores, as formas ditas mais rigorosas e sérias de aplicação do método científico.
Ao trazer para o centro do debate noções tão fundamentais como as do simbólico e do mitológico, as figuras de linguagem, as linguagens da arte e outras expressões do vasto campo da produção humana de sentidos sobre a vida e o mundo, Jung ressitua o sujeito frente ao método, tece a crítica ao cientificismo e, poderíamos dizer, enquadra de um modo novo, diverso e divertido, o tema do próprio conhecimento. Quase que o ouvimos dizer, referindo-se ao método e aos esforços humanos de compreensão, que, enfim, o sábado foi feito para o homem. Não o contrário.
Dimas A. Künsch – Analista em formação pelo IJEP
REFERÊNCIAS
JUNG, Carl Gustav. Aspectos do drama contemporâneo. 5. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012. [OC 10/2, 2012].
ZWEIG, Connie; ABRAMS, Jeremiah (Orgs.). Ao encontro da sombra. São Paulo: Cultrix, 1994.
FOTO: THALES CARRARO
[i] Sanford, numa entrevista a Patrick Miller (em ZWEIG; JEREMIAH, 1994, p. 44), traduz o que de fato pensava Jung, ao afirmar que ele “estava certo quando disse que noventa por cento da sombra é ouro puro. Tudo o que foi reprimido (seja lá o que for) contém uma quantidade tremenda de energia, com um grande potencial positivo. Por isso a sombra, não importa quão perturbadora ela possa ser, não é intrinsecamente má. O ego, com sua recusa de introvisão e com sua recusa de aceitar o todo da personalidade, contribui muito mais para o mal do que a própria sombra”.