Browsing: sentido da vida

O presente texto pretende refletir sobre as dinâmicas psíquicas subjacentes às interações humanas, em especial às afetivas. Pretende refletir também sobre alguns aspectos possivelmente relacionados a questões comuns sobre relações afetivas, que emergem em terapia. Por exemplo, quem está fora de uma relação afetiva perguntando: por que não encontro um(a) parceiro(a) afetivo(a)? Ou: o que tenho que ninguém me ama? Em contrapartida, quem está dentro de uma relação questionando e mesmo desqualificando a si mesmo(a) pelas angústias e inseguranças que experimenta associadas à vivência de seu relacionamento. A fundamentação teórica dessa reflexão é junguiana, com especial apoio para o desenvolvimento das reflexões que se seguem, na abordagem dos capítulos iniciais do texto “Eros e Pathos: amor e sofrimento” de Aldo Carotenuto (1994).

Imoral é desistir de si mesmo – (Clarice Lispector) Sob a ótica junguiana a relação entre o indivíduo e a massa – o coletivo de humanos ainda indiferenciados – nem sempre é harmônica. Muito pelo contrário, o mais comum é os interesses, metas e objetivos de individuação incomodarem à massa que pode se caracterizar até mesmo como uma força de oposição ao processo de individuação. Carotenuto (1994) discute essa situação sob a ótica junguiana nos capítulos finais daquele seu texto e propõe caber ao indivíduo os passos necessários para sua diferenciação. De acordo com Jung, a atitude ética é essencial para um posicionamento adequado e responsável em face de si mesmo, da coletividade e da Vida, de modo tal que o viver leve à individuação.

Este artigo é subsequente a outro já publicado sobre a origem e a longevidade do Círculo de Eranos (https://www.ijep.com.br/index.php?sec=artigos&id=387&ref=o-m%EDtico-c%EDrculo-de-eranos-(parte-1)-(eranoskreis)#conteudo). Esta segunda parte trata da importância de R. Otto, C.G. Jung, H. Corbin e K. Kerényi para o desenvolvimento e aprofundamento de conceitos como “numinoso”, “arquétipo”, “imaginal” e “mitologema” (Parte 2). Analisa, também, a contribuição dos encontros de Eranos para a formulação de uma abordagem interdisciplinar e coletiva para os estudos sobre o imaginário, que ecoaram diretamente no desenvolvimento dos principais conceitos junguianos por seu fundador.

Prateleiras de super-mercados abarrotadas. Vastas áreas em reluzentes shopping centers lançando apelos ao consumo… Consumo e mais consumo, sempre acenado como viabilizado por sorridentes anunciantes de cartões de crédito. Autonomia. O mundo da fartura sem compromisso com a origem dos produtos, com a remuneração de quem os fabricou, transportou, de quem os está vendendo. Nem com os resíduos produzidos no processo. Engajamento total na compra de uma imagem. A construção de uma persona de aparência feliz e integrada ao mundo hiperdigital em que vivemos. E tudo tão fácil, tão aparentemente ao alcance das mãos, de um gesto. De um clique. As dívidas e dúvidas… Ficam para amanhã. Vamos a qualquer lugar com um piscar de olhos, com um telefonema, com a consulta a um site na internet.

Este artigo, desenvolvido em duas partes, propõe um breve estudo sobre a origem e a longevidade do Círculo de Eranos e a importância de R. Otto, C.G. Jung, H. Corbin e K. Kerényi, dentre outros, para o desenvolvimento e aprofundamento de conceitos como “numinoso”, “arquétipo”, “imaginal” e “mitologema”. Analisa, também, a contribuição dos encontros de Eranos para a formulação de uma abordagem interdisciplinar para os estudos sobre o imaginário.

James Hillman em seu livro O Código do Ser – Teoria do fruto do carvalho, fala da vocação, destino, caráter,…