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Comportamento de risco sexual como resposta à marginalização da sexualidade

Comportamento de risco sexual como resposta à marginalização da sexualidade

Comportamento de risco sexual como resposta à marginalização da sexualidade

O presente artigo busca propor uma reflexão, tendo como base a psicologia analítica, sobre comportamentos sexuais de risco, identificando tais comportamentos e buscando entender símbolos, significados e complexos na sombra dessas atitudes.

Para a elaboração deste artigo realizamos uma pesquisa a respeito do tema comportamento sexual de risco. Contudo, pelo que se pode constatar, não há grande quantidade de material sobre o tema. A maioria do material encontrado tem como foco a população adolescente ou jovem (até 24 anos), na qual o comportamento de risco é prevalente.

ISTs

No entanto, há a recente tendência do aumento de diagnósticos de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) na população adulta e idosa (Görgen, 2019). As formas de propagação do vírus da imunodeficiência humana (HIV), tais como o uso de drogas injetáveis e o engajamento em relações sexuais sem uso de preservativos, são, com frequência, associadas a comportamentos e atitudes discriminadas social e culturalmente bem como a concepções estereotipadas dos outrora chamados grupos de risco (Pinto, et al., 2007).

Vale lembrar que o advento da Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida (SIDA ou AIDS) estigmatizou por muitas décadas o comportamento homossexual masculino. A AIDS foi chamada, em seu início, de “câncer gay”, por ter sido essa a população mais afetada no início da epidemia.

Na atualidade, no entanto, predomina a transmissão pelo contato heterossexual. Além disso, houve aumento significativo no número de mulheres infectadas (SALES et al., 2016 apud Görgen, 2019).

Dessa forma a denominação “grupos de risco” mostrou-se equivocada.

A denominação “grupos de risco” se revela equivocada, considerando que o risco de adquirir o HIV não é advindo somente de um grupo. Mas antes, de um comportamento de risco frente às práticas sexuais e ao uso e abuso de drogas, especialmente as drogas injetáveis e ao compartilhamento de seringas. Vale lembrar que o indivíduo sob o uso e/ou abuso de substâncias psicoativas e movido pelo desejo sexual, teoricamente não se lembrará do uso de proteção na prática sexual, seja ela qual for.

Importante chamar a atenção que o Ministério da Saúde preconiza o uso do preservativo em qualquer prática sexual, seja ela oral, vaginal ou anal, especificamente nessa última, por ser a mucosa anal muito vascularizada e de fácil atrito durante o ato sexual, o que leva a ocorrer microfissuras, facilitando assim, a transmissão sanguínea do vírus HIV. Além disso, o HIV não é o único risco envolvido numa relação sexual desprotegida. Outras ISTs como a sífilis, a clamídia e a gonorreia, dentre tantas, tem aumentado nos últimos anos. Inclusive em parcelas da população consideradas sexualmente inativas como os idosos (Görgen, 2019).

Idosos e educação sexual

Podemos citar em muitos idosos a dificuldade de uma ereção completa, dificultando no caso, o uso do preservativo masculino. Indicamos, então, como medida protetiva, o uso do preservativo feminino para facilitar a prática sexual.

A outra dificuldade é que, como não foi estimulado precocemente nessas mulheres o toque íntimo e um maior e melhor conhecimento de sua biologia, temos problemas também nessa forma de prevenção. Isto ocorre porque o preservativo feminino é de inserção profunda na vagina, ficando os idosos completamente vulneráveis para o contágio de ISTs e HIV – uma vez que a prática sexual nesse grupo, na atualidade, é amplamente estimulada.

Dados inclusive, os inúmeros recursos medicamentosos existentes para melhorar o desejo e também, no caso, a ereção. Necessário se faz, a educação sexual desse grupo, estimulando um maior conhecimento de anatomia e fisiologia, juntamente com as práticas preventivas.

Nesse contexto, falando-se em infecções sexualmente transmissíveis e AIDS, torna-se também importante definir a sexualidade, de uma forma mais ampla, em seu aspecto biopsicossocial e espiritual, onde a sua dimensão biológica é apenas um dos seus aspectos. Talvez socialmente o seu aspecto principal, cujo viés para muitos seja o mais importante, negligenciando-se todos os outros aspectos de completude do indivíduo.

Sexualidade e moralidade

A sexualidade é um dos aspectos da dimensão humana. Cercada, ainda, de muita dor e sofrimento, em razão do ocultamento e da aura do pecado, imposto principalmente pela formação judaico-cristã de nossa sociedade ocidental. A cultura do pecado manteve o véu da ignorância e do preconceito em torno do assunto e em razão disso, pouco se fala e se pesquisa sobre o tema, dado os parcos recursos bibliográficos disponíveis.

Arriscamos dizer que apenas com o surgimento da AIDS e todas as suas particularidades, principalmente no início da infecção, onde denominada “câncer gay”, é que se começou a falar sobre sexualidade e a defini-la em seu aspecto mais amplo (biopsicossocial).

O que é o normal?

Outro aspecto perpassa sobre o conceito de normalidade, como se todos os indivíduos fossem iguais e subjugados a essa “normose” social. Ora, as sociedades são entidades dinâmicas, assim, o que é normal hoje pode ser anormal amanhã e vice-versa, uma vez que os padrões culturais mudam com o tempo e dentro do possível devemos também, acompanhar essas mudanças. De acordo com Cavalcanti & Cavalcanti (2020), do ponto de vista psicológico “sexo normal” é aquele que assim é considerado dentro da visão particular de cada um. O que importa na verdade, é a satisfação pessoal ou a adequação sexual de cada indivíduo.

Importante lembrar que “adequação” pressupõe um estado de satisfação intra e interpessoal, ou seja, se o indivíduo está satisfeito com o seu comportamento sexual e com o comportamento sexual do seu parceiro(a), ele/ela é uma pessoa normal ou adequada, do ponto de vista psicológico.

Somado a isso, trazendo um pouco o olhar para esse histórico da sexualidade, lembre-se que a AIDS nos traz um novo olhar para a sexualidade. Especificamente no aspecto social, onde tornou evidente camadas sociais estigmatizadas e, até então, encobertas pelo preconceito, como os profissionais do sexo, os usuários de drogas injetáveis (UDI) e, principalmente, os homossexuais ou ainda, os HSH (homens que fazem sexo com homens), que não se consideram homossexuais, mas mantém ou mantiveram relações sexuais com homens. Esse tipo de comportamento e vários outros, dificultam até hoje a classificação dos dados epidemiológicos da doença segundo o sexo.

Comportamentos sexuais de risco Deus e o Diabo na cama (ou além dela)

Os comportamentos sexuais de risco são comportamentos que podem afetar o bem-estar físico, psicológico ou mesmo causar problemas de saúde graves. Muitas vezes associam-se a estes comportamentos, ou os causam, o consumo de substâncias como álcool e drogas e também podem decorrer de falta de esclarecimento e educação sexual, atividade sexual com múltiplos parceiros, utilização incorreta e inconsistente de métodos contraceptivos e de prevenção de ISTs, relações sexuais sob pressão e potencializam consequências como: infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), gravidez não desejada, violência sexual e psíquica (Direção-Geral da Saúde, 2022).

Para (Coleman, 2015):

“Comportamentos sexuais são um produto da socialização e não da biologia. Por exemplo, aprendemos (explicitamente dos pais, professores, políticos, líderes religiosos, e outras figuras significativas nas nossas vidas, ou implicitamente de imagens, temas, ou mensagens na cultura popular) como fazer sexo, com quem fazer sexo, com que motivações fazer sexo. Aprendemos que existem certas regras, regulamentos sociais, e mesmo legislação que controla as nossas interpretações sobre a valorização dos nossos próprios comportamentos sexuais e de outros. Eles desenvolvem-se e progridem à medida que nos desenvolvemos e progredimos. Consequentemente, os comportamentos sexuais nem sempre estão em resposta ao desejo sexual devido a duas explicações centrais: (1) As motivações para o comportamento sexual variam; e (2) A atual construção social do comportamento sexual normativo é o reflexo de ideais ultraconservadores (pudico) e saturados com fundamentos religiosos – ou pelo menos os comportamentos culturalmente mais atuais são os mais valorizados (traduzido pelos autores).”

Infelizmente, no desenrolar da cultura ocidental, a mente do homem tornou-se divorciada de seu corpo. A sexualidade, em especial, tem sido associada ao indesejável elemento animal, força demoníaca que corrompe a verdadeira natureza espiritual dos homens (Conger, 1993).

De acordo com Aufranc (2018):

“A partir do século XIX, a medicina passou a ocupar o espaço da religião na instrução de como deveria ser o relacionamento sexual. A nudez completa estava associada ao sexo no bordel, as relações deveriam ocorrer no escuro e com corpos cobertos. O prazer nessa época era também vivido na sombra social. Havia, no século XIX, no Rio de Janeiro, três categorias de prostitutas: as aristocráticas ou de sobrado, que eram em geral francesas, mantidas por políticos ou fazendeiros e estavam associadas ao luxo no morar e no vestir; as de sobradinho, que eram mais pobres e trabalhavam em hotéis, eram polacas ou mulatas; e as da escória, mulheres que atendiam em casebres ou em fundos de barbearias. Já as mulheres honestas não deveriam sentir prazer. A elas era reservado o papel de ser boa mãe, submissa e doce. O instinto materno deveria anular o instinto sexual.”

Sexo por prazer?

Esse complexo cultural do sexo pudico, onde o prazer reside na sombra e deve ser punido, exclui toda e qualquer prática sexual que não seja a penetração vaginal realizada em uma cama dentro de um quarto, cujo único fim seja a reprodução. Tudo bem que, atualmente, com o advento dos métodos contraceptivos, principalmente, houve uma grande quebra de paradigma.

No entanto, o sexo por prazer ainda tem grandes opositores, principalmente nos campos da religião, onde, veja só, até hoje o uso do preservativo, um dos melhores métodos de proteção contra e ISTs e contracepção, ainda é desaconselhado.

Mesmo com os avanços no ocidente, há ainda um grande tabu a respeito da vivência do sexo como uma atividade adulta humana de afeto, sociabilização ou recreação e não somente para reprodução e perpetuação da espécie.

Complexo Cultural

O complexo cultural do sexo pudico ainda é constelado de maneiras diversas, principalmente em relação às minorias (mulheres, profissionais do sexo e a população LGBTQIANP+ entre as principais). Neste sentido, as vivências sexuais que não se encaixam no padrão hétero-monogâmico-reprodutivo vão sendo colocadas à margem da consciência coletiva (sociedade) e, apesar de sempre terem sido praticadas, ainda assim são marginalizadas.

Na maioria das casas, o quarto é um dos lugares de maior intimidade. Um quarto de casal é o local no qual se espera que o casal compartilhe a sua intimidade e nele faça o sexo e produza filhos. Isso é uma imagem de como o sexo reprodutivo é, de certa forma ainda, aceito e incluso no dia a dia, considerado como uma parte natural da vida. No casamento, e aqui ressalto, no casamento heterossexual, o sexo para reprodução é de certa forma aceito, esperado, desejado, em detrimento do sexo por prazer e sendo o prazer em si, muitas vezes impuro.

Um pouco de Foucault

Michel Foucault (2019) lembra e compara o início do século XVIII, onde ainda vigorava uma certa franqueza no que concernia à sexualidade. As práticas não procuravam segredos, as palavras eram ditas sem muitas reticências, as coisas eram feitas sem demasiado disfarce, eram mais frouxos os códigos da grosseria, da obscenidade e da decência, comparando-os aos do século XIX.

“Um rápido crepúsculo se teria seguido à luz meridiana, até as noites monótonas da burguesia vitoriana. A sexualidade é, então, cuidadosamente encerrada. Muda-se para dentro de casa. A família conjugal a confisca. E absorve-a, inteiramente, na seriedade da função de reproduzir.

Em torno do sexo, se cala. O casal, legítimo e procriador, dita a lei. Impõe-se como modelo, faz reinar a norma, detém a verdade, guarda o direito de falar, reservando-se o princípio do segredo. No espaço social, como no coração de cada moradia, um único lugar de sexualidade reconhecida, mas utilitário e fecundo: o quarto dos pais.

Ao que sobra só resta encobrir-se; o decoro das atitudes esconde os corpos, a decência das palavras limpa os discursos. E se o estéril insiste, e se mostra demasiadamente, vira anormal: receberá este status e deverá pagar as sanções”.

Foucault, 2019

Diversidade sexual

Passeando pela história da sexualidade percebemos a dificuldade não somente da literatura, por ser ela incipiente, como também da dificuldade pessoal na abordagem e da aceitação pela sociedade dessa diversidade sexual, fruto do fato de ter se mantido encoberto nas sombras, a sexualidade.

 Falar de sexualidade requer conhecimento básico sobre o tema e sobre a sua própria sexualidade, no sentido de que, para falar da sexualidade do outro é necessário trabalhar a sua também. Ora, Jung bem fala que o analista só leva o analisando até onde ele próprio foi levado. Sendo assim, (JUNG, 2019) “Você tem que ser a pessoa com a qual você quer influir sobre o seu paciente. A palavra, sempre foi considerada vã.”

Assim, sem se falar em sexo e sexualidade, passaram-se dois longos séculos em que tudo relacionado ao tema era reprimido e, como nas palavras de Foucault (2019), eram “injunção ao silêncio, afirmação de inexistência”.

E as outras formas de viver o sexo, em que lugar é reservado e esperado a sua existência?

Nos prostíbulos, nas ruas desertas, nas pequenas matas, terrenos baldios, saunas, boates e no melhor dos casos, o motel. E deles muitas vezes vem a companhia da vergonha e da desinformação de mãos dadas com os desinibidores: álcool e drogas. O sexo por prazer ou por vocação é uma prática espúria.

Novamente, mesmo que desde sempre tenha sido praticado. Fora dali, os “rendez-vous” * e as casas de saúde seriam lugares de tolerância, onde reinavam a prostituta, o cliente, o rufião, o psiquiatra e sua histérica, numa alusão a esse último, às agruras da repressão sexual, como causa de distúrbios mentais.

Nesse sentido, pessoas que não têm a conformidade sexual de acordo com esse complexo pudico, são criadas em ambientes (casa, escola, igreja, sociedade) em que a vivência da sua sexualidade é algo feio e que deve ser feito às escondidas, pois a “norma” é que o sexo siga os padrões aprendidos.

Aqui abro um parêntese para as práticas criminosas das parafilias como a pedofilia, zoofilia e necrofilia. Acrescento aqui o estupro e o abuso sexual que também são práticas criminosas e jamais deverão ser consideradas comportamento, somente como crime.

Culpa, pecado e vergonha

Voltando, pessoas que não tem a vivência oficial, têm na sua prática uma vergonha, uma culpa, ou até algo marginalizado. Nesse sentido procuram locais marginalizados para vivenciar seu prazer e seu eros. Por bem, hoje em dia as práticas sexuais estão cada vez mais sendo discutidas e trazidas para esse local de intimidade. No entanto, é algo tão recente e podemos dizer que a grande maioria da população ainda tem em mente o modelo Doriana de família.

Essa vivência marginalizada, acompanhada dos seus desinibidores, é um convite ao comportamento de risco. Justamente pela dificuldade ou inexistência de informações claras, corretas e do sentimento de normalidade, muitas vezes, o sexo é vivenciado em locais simbólicos de abuso, fuga, vergonha, escuridão e aprendido dessa maneira, ou ainda, por meio da pornografia.

Com uma autopercepção da sexualidade e do desejo como algo espúrio, vergonhoso, pecaminoso e até doentio, a primeira opção quase sempre é a repressão do desejo e a tentativa de encaixe no modelo vigente, de acordo com o dito por (Coleman, 2015) anteriormente neste texto.

Sexualidade e o casamento

Tudo bem que hoje não se espera mais que ninguém se case virgem, mas há ainda muitos resquícios desse comportamento e há menos de 40 anos isso ainda era considerado como um bom costume. Quantos de nós não somos filhos de um casal que se casou por conta de uma gravidez indesejada?

Vejamos o caso da homossexualidade, por exemplo. Até pouco tempo foi considerada pecado, crime e doença. Isso quando falamos de Brasil, porque em alguns lugares do mundo ainda é punida da pior maneira possível. A vivência da homossexualidade apesar de mais aceita hoje em dia, ainda é alvo de investidas conservadoras e retrógradas. O famoso, você pode até ser gay, mas não pode fazer sexo com alguém do mesmo sexo.

A educação como caminho

Quando se exclui um modo de vivenciar a sexualidade, ele se torna marginalizado. E muitas vezes para viver uma verdade, mesmo que diga respeito à sua individualidade, isso pode levar as pessoas aos comportamentos de risco. A nosso ver isso é o reflexo de um complexo de ego com muitas facetas negativas e muitos complexos ligados a esse lugar da marginalidade do sexo, do desejo e da vivência.

Dessa forma, muitas vezes constroem-se personas adaptadas à norma coletiva enquanto procuram viver sua verdade mesmo colocando em risco sua vida e a dos outros. É como se viver essa verdade do eros fosse tão terrível, que só pudesse ser vivida na sombra e de maneira sombria, nesse lado obscuro da sexualidade, onde a vivência do prazer evidencia o lado sombrio e obscuro da dor.

Ora, de acordo com GUGGENBÜHL-CRAIG (1998) a sexualidade ainda é “demonizada” nos nossos dias. Fracassaram todas as tentativas de tomá-la totalmente inofensiva e de apresentá-la como algo “completamente natural”. Para o homem moderno, algumas formas de sexualidade continuam a ter aspecto mau, pecador e sinistro.

Preconceitos e comportamentos de risco

Como essa vivência é marginalizada e não há muitas informações, sobram preconceitos e julgamentos, internos e externos, e sua expressão na vida do indivíduo, pode levar aos comportamentos de risco, já que a relação sexual vira apenas um instinto a ser satisfeito e perde sua faceta sagrada e relacional.

Há uma tendência acentuada para a promiscuidade que se manifesta não só nos inúmeros divórcios, mas também na liberação da geração mais jovem quanto aos preconceitos sexuais.

A promiscuidade paralisa todos esses esforços (de desenvolvimento enquanto dentro de uma relação afetiva) porque oferece oportunidades fáceis de fuga. E o relacionamento individual se torna muito supérfluo.

Liberdade ou irresponsabilidade?

Quanto mais predominarem uma assim chamada liberdade sem preconceitos e a fácil promiscuidade, tanto mais o amor se tornará banal e degenerará em interlúdios sexuais transitórios. Os desenvolvimentos mais recentes no campo da moralidade sexual tendem para o primitivismo sexual. A exemplo da instabilidade dos costumes morais dos povos primitivos onde, sob a influência da emoção coletiva, todos os tabus sexuais desapareciam na mesma hora (Cf. Jung, 2013).

“Estaremos vivendo uma enorme indiferenciação? Ou então simplesmente, ao “saírem do armário” os esqueletos reprimidos, vem chegando à consciência coletiva a imensa riqueza das possibilidades humanas. Vem se expressando toda a potencialidade contida simbolicamente em uma relação erótica”

Aufranc, 2018

Para Coleman (2015), uma grande mudança seria a educação a respeito da sexualidade, sem a presença de valores religiosos ou morais, no sentido de uma melhor compreensão entre o impulso sexual, o desejo e os comportamentos. Permitindo, assim, uma compreensão mais profunda e tolerância para com os seus próprios comportamentos sexuais, bem como as preferências sexuais dos outros. Através da educação, aceitação e um âmbito empático, devemos assistir a uma re-humanização de nós próprios.

*gíria para prostibulo, zona de meretrício.

Mauro Soave Junior – Analista em Formação IJEP

Maria Ivanilde Ferreira Alves – Analista em Formação IJEP

Dra. E. Simone Magaldi – Analista Didata IJEP

Referências

Aufranc, Ana Lia B. 2018. Expressões da sexualidade, um olhar junguiano. Revista da Sociedade Brasileira de Psicologia Analitica. 2018, pp. 37-48.

CAVALCANTI, R; CAVALCANTI, M. – Tratamento Clínico das Inadequações Sexuais. 5.ed. Payá, 2020

Coleman, Kathryn. 2015. Alienation through Social Construction: A Call for the Re-humanization of Sexuality. Journal of Positive Sexuality. Junho de 2015.

Conger, John P. 1993.O corpo como sombra. [trad.] Maria Silvia Mourão Netto. São Paulo : Summus, 1993.

CPS, TASHRA, & NCSF. 2017. Addiction to Sex and/or Pornography: A Position Statement from the Center for Positive Sexuality (CPS), The Alternative Sexualities Health Research Alliance (TASHRA), and the National Coalition for Sexual Freedom (NCSF). Journal of Positive Sexuality. 2017, Vol. 3.

Direção-Geral da Saúde. 2022. Serviço Nacional de Saúde. Site do Serviço Nacional de Saúde Português. [Online] 25 de novembro de 2022. https://www.sns24.gov.pt/tema/saude-sexual-e-reprodutiva/comportamentos-sexuais-de-risco/.

Foucault, Michel, 2022, 13 edição, História da Sexualidade, volume 1, A Vontade do Saber, Editora Paz e Terra, Rio de Janeiro, São Paulo

Görgen, Ana Leticia Hartmann. 2019. COMPORTAMENTO SEXUAL DE RISCO E FATORES ASSOCIADOS EM ADULTOS E IDOSOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA DA CIDADE DE PASSO FUNDO. Passo Fundo, RS, Brasil: s.n., 2019.

GUGGENBÜHL-CRAIG, ADOLF. O lado demoníaco da sexualidade. [A. do livro] C. Zweig e J. (orgs) Abrahms. Ao Encontro da Sombra. São Paulo: Cultrix, 1998.

Jung, Carl Gustav. 2013. Obras Completas 10/3 – Civilização em Transição. Petrópolis: Vozes, 2013.

Jung, Carl Gustav. 2019. Obras Completas 16/1 – A Prática da Psicoterapia

Pinto, Diana de Souza, et al. 2007. Escala de Avaliação de Comportamento Sexual. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul – SPRS. 2007, Vol. 29, 2, pp. 205-211.

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