Resumo: O presente ensaio busca relacionar a psicologia analítica apresentada por Carl Gustav Jung e os ensinamentos contidos no novo testamento, base da religião cristã. A ideia de confrontar essas duas áreas do conhecimento humano veio da reflexão de que o principal ensinamento pregado por Jesus Cristo foi o amor ao próximo, que tem como consequência uma melhor convivência entre os seres humanos, sendo essa também uma consequência do processo de individuação, principal meta humana segundo a teoria de Carl Gustav Jung.
Palavras-chave: Psicologia Junguiana; Evangelho; autoconhecimento; amor ao próximo; individuação.
Este ensaio surgiu a partir da reflexão acerca do motivo pelo qual o mundo continua em guerra, após mais de dois mil anos da vinda de Jesus Cristo, que pregou e exemplificou o amor ao próximo, inclusive o amor aos inimigos. Se o que vemos comumente na sociedade são a competição e a guerra, questionamos sobre qual seria a chave para se conquistar a convivência harmônica entre os seres humanos, pelo desenvolvimento do amor ao próximo. Refletindo sobre tão relevantes questões, ponderamos sobre que ferramentas o ser humano dispõe para tal intento.
A Psicologia Junguiana contribui para que a humanidade compreenda a profundidade da proposta de autoconhecimento apresentada por Jesus e tenha mais clareza sobre o próprio processo de autodescobrimento.
A totalidade da psique, que abarca a consciência e o inconsciente, constitui o Si-mesmo, que representa a imago dei, o Cristo interno, a possibilidade para que o Absoluto se manifeste. Para que isso aconteça, é preciso que o eu, que é o gestor da consciência, tenha capacidade de reconhecer e interagir com o mundo inconsciente, onde há uma infinidade de antinomias (pares de opostos) e possibilidades de caráter instintivo, arquetípico, divino ou transcendental. Quando a consciência nega a existência desta tensão ocorre a geração de neuroses e de sintomas físicos e psíquicos, que apenas o autoconhecimento pode curar. (Cf. MAGALDI, 2022, p. 14)
Analisando o conteúdo do Novo Testamento com uma visão psicológica, percebemos em muitas passagens um convite de Jesus ao autoconhecimento profundo como chave para que o ser humano possa reconhecer dentro de si as potencialidades e alcançar a plenitude.
O conhecimento de si é o começo da sabedoria.
“Conhece-te a ti mesmo!” é o ensinamento atribuído a um dos sete sábios, inscrito na entrada do templo de Apolo em Delfos. O filósofo Sócrates (470-399 a.C.) faz da arte de conhecer a si mesmo o eixo da sabedoria filosófica da Grécia antiga.
No evangelho de Jesus ou Novo Testamento da Bíblia, podemos encontrar em várias passagens, um convite ao autoconhecimento. Um exemplo é a passagem do fariseu e o publicano, em Lucas 18:9-14: “Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu e o outro publicano. O fariseu, de pé, orava interiormente deste modo: ‘Ó Deus, eu te dou graças porque não sou como o resto dos homens, ladrões, injustos, adúlteros, nem como esse publicano; jejuo duas vezes por semana, pago o dízimo de todos os rendimentos’. O publicano, mantendo-se a distância, não ousava sequer levantar os olhos para o céu, mas batia no peito dizendo: ‘Meu Deus, tem piedade de mim, pecador!’ Eu vos digo que este último desceu para casa justificado, o outro não. Pois todo o que se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado“. (Bíblia, 2002, Lucas 18:9-14)
Nessa passagem, observamos que Jesus nos leva a refletir sobre o que se passa no mundo interno de cada personagem da parábola. Ele considera de maior valor não aquele que segue os preceitos religiosos com rigor, e se vangloria disso, mas aquele que se reconhece pecador, porque se vê como ser humano que erra e se prostra humildemente pedindo misericórdia.
Psicologicamente, podemos observar que o primeiro segue os preceitos morais e por isso se acha quite com a divindade.
Não percebe que apenas se apegou à persona de homem justo e probo, mas não apresenta nenhum sinal de autoconhecimento, de reconhecimento das próprias sombras. O fariseu não percebe que no ato da prece projeta seus conteúdos sombrios sobre o publicano, julgando-o ladrão, injusto e adúltero. O publicano, por sua vez, não ousa levantar os olhos para o céu, reconhecendo-se humano e pecador. Não emite juízo sobre o fariseu, pois nesse momento de diálogo íntimo com o Divino, olha apenas para si mesmo, para o seu interior. Apresenta alto grau de autoconhecimento e pede a Deus, piedade. O primeiro se exalta e será humilhado, no sentido egóico, quando se der conta da ilusão em que viveu até o momento em que entrar em contato com as próprias sombras. O segundo se humilha e será exaltado, pois no caminho em que se encontra de autodescobrimento, avança em seu processo de individuação.
Na psique coletiva estão abrigadas todas as virtudes e todos os vícios da humanidade.
Quando, por meio da razão descobrimos a natureza irreconciliável dos opostos, aparece a contradição e surge o conflito da repressão. Queremos ser bons, então reprimimos o mal, que vai constituir a sombra. (Cf. JUNG, 2015 § 236).
A tomada de consciência da sombra faz-nos reconhecer os aspectos obscuros da nossa personalidade e esta é a base de todo processo de autoconhecimento. O confronto com a sombra é um expediente terapêutico e se dá mediante grande resistência, sendo um trabalho árduo e demorado. (Cf. JUNG, 2013a §14)
No Evangelho de Mateus observamos mais uma passagem em que Jesus fala sobre o mecanismo de projeção, tão comum no comportamento humano:
“Não julgueis para não serdes julgados. Pois com o julgamento com que julgais sereis julgados, e com a medida com que medis sereis medidos. Por que reparas no cisco que está no olho do teu irmão, quando não percebes a trave que está no teu? Ou como poderás dizer ao teu irmão: Deixa-me tirar o cisco do teu olho, quando tu mesmo tens uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então verás bem para tirar o cisco do olho do teu irmão”. (Bíblia, 2002, Mt 7:1-5)
Nesta passagem, Jesus fala de alguém que vê o cisco no olho do irmão e não enxerga a trave que se encontra no próprio olho, pois vemos no outro o que não conseguimos enxergar em nós mesmos. Em outras, palavras o evangelho diz que precisamos enxergar nossas próprias sombras, que dormitam no inconsciente, antes de acusar as falhas cometidas por nossos irmãos em humanidade. Quando Jesus fala que primeiro precisamos tirar a trave do próprio olho, para então ver bem, também pode ser interpretado como as lentes que construímos para enxergar o mundo, nossos complexos.
Muitas vezes não conseguimos enxergar a realidade, pois olhamos o mundo a partir de lentes construídas sobre preconceitos e ideias que nos foram apresentadas ao longo da vida e aceitamos como verdades. Outra forma de interpretar essa parábola é pelo fato de enxergarmos no outro as projeções de nossas próprias características. O outro nesse caso torna-se um espelho, onde vemos o que não queremos admitir que existe em nosso interior.
Quando nos abrimos para o autoconhecimento, temos oportunidade de crescer e ver mais claramente.
Quanto mais o indivíduo se nega a reconhecer as projeções, mais o fator gerador de projeções tem livre curso para agir. Quanto mais projeções se interpõem entre o sujeito e o mundo exterior, mais difícil se torna para o eu perceber suas ilusões. As projeções, então, transformam o mundo externo em uma concepção própria, que lhe é desconhecida, pois quem faz as projeções não é o sujeito, mas o inconsciente. A consequência é um isolamento do indivíduo, que se relaciona com o mundo de forma ilusória. (Cf. JUNG, 2013a §17)
A assimilação dos conteúdos coletivos inconscientes, que constituem o Si-mesmo e foram integrados a partir da retirada das projeções, alarga as fronteiras do campo da consciência e também o significado do eu, influenciando sua personalidade, principalmente quando este se defronta com o inconsciente sem uma atitude crítica. Quanto maior, e quanto mais significativo o número de conteúdos assimilados, mais o eu se aproximará do Si-mesmo. (Cf. JUNG, 2013a § 43; 44)
Encontramos no Evangelho de Mateus a passagem da predição da negação de Pedro, em que Jesus chama a atenção para o lado sombrio da personalidade, que é comumente negado, por ser desconhecido. “Depois de terem cantado o hino, saíram para o monte das oliveiras. Jesus disse-lhes, então: “Essa noite todos vos escandalizareis por minha causa pois está escrito: Ferirei o pastor e as ovelhas do rebanho se dispersarão. Mas, depois que eu ressurgir, vos precederei na Galileia.” Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: “Ainda que todos se escandalizem por tua causa, eu jamais me escandalizarei”. Jesus declarou: “Em verdade, vos digo que esta noite, antes que o galo cante, me negarás três vezes!” Ao que Pedro disse: “Mesmo que tiver de morrer contigo, não te negarei”. O mesmo disseram todos os discípulos. (Bíblia, 2002, Mt 26:30-35)
Nessa passagem, Jesus chama a atenção para a sombra que dormita em cada ser, à espera de se mostrar, quando tiver oportunidade.
Acreditando ser o que demonstrava na persona de discípulo do Mestre, Pedro não fazia ideia de que na hora do testemunho, com risco de prisão e morte, ele pudesse negar que fosse discípulo do nazareno. Jesus, contudo, conhecendo profundamente a alma humana, revelou antecipadamente o que aconteceria no momento do testemunho cruel. Muitas vezes acreditamos que temos conhecimento de quem somos e que somos constituídos apenas do eu, que se apresenta ao mundo por meio de uma persona adaptada ao mundo externo. Desconhecemos os nossos conteúdos inconscientes, que nos compõem e aguardam uma oportunidade para se fazerem conhecidos na consciência. Esse é um passo importante no processo de individuação. O desenvolvimento humano passa pelo reconhecimento dos conteúdos inconscientes que nos habitam.
A sombra pessoal desenvolve-se naturalmente em todo ser humano, desde a infância.
À medida que nos identificamos com as características ideais de personalidade, tais como polidez e generosidade, que são encorajadas pelo nosso ambiente, vamos formando aquilo que é denominado o “eu das decisões de Ano Novo”. Ao mesmo tempo, vamos enterrando na sombra aquelas qualidades que não são adequadas à nossa autoimagem, como a rudeza e o egoísmo. O eu e a sombra, portanto, desenvolvem-se ao mesmo tempo, criando-se mutuamente a partir da mesma experiência de vida. (Cf. ZWEIG & ABRAMS, 2011, p15)
Em Mateus 26: 69-75, temos a passagem que fala das negações de Pedro: “Pedro estava sentado fora, no pátio. Aproximou-se dele uma criada, dizendo: “Também tu estavas com Jesus, o Galileu!” Ele, porém, negou diante de todos, dizendo: “Não sei o que dizes.” Saindo para o pórtico, outra viu-o e disse aos que ali estavam: “Ele estava com Jesus, o Nazareu”. De novo ele negou, jurando que não conhecia o homem. Pouco depois, os que lá estavam disseram a Pedro: “De fato, também tu és um deles; pois o teu dialeto te denuncia. Então ele começou a praguejar e a jurar, dizendo: “Não conheço este homem!” E imediatamente um galo cantou. E Pedro se lembrou das palavras que Jesus dissera: “Antes que o galo cante, três vezes me negarás”. Saindo dali, chorou amargamente. (Bíblia, 2002, Mt 26:69-75)
Essa passagem revela o momento em que Pedro toma conhecimento da própria sombra, ao ser despertado pelo símbolo.
Ao ouvir o galo cantar ele se lembra das palavras de Jesus sobre a sua negação, Pedro reconhece a própria fragilidade e chora. A partir desse instante, sozinho, não tinha como negar para si mesmo que ele próprio não se conhecia. No momento de provação o inconsciente se manifestou, concedendo-lhe uma oportunidade de iniciar o processo de autodescobrimento, pois quando afirmou para o Cristo que ele jamais o negaria, ele realmente acreditava nisso, tinha convicção de que não o negaria. O canto do galo após a terceira negação, como predito por Jesus, pode ser interpretado como um símbolo, pois a vida é simbólica e devemos estar atentos para o que acontece ao nosso redor. Tudo pode ser uma mensagem do inconsciente para o despertar da alma, no caminho da individuação.
O reconhecimento das sombras constitui um passo fundamental para que o ser humano possa acolher as próprias imperfeições, reconhecendo sua própria humanidade.
A partir do momento que reconhece e aceita “o outro” dentro de si mesmo, tem condições de enxergar o outro fora como seu semelhante, digno de amor e respeito. O reconhecimento das sombras conduz à modéstia fundamental de que precisamos para admitir nossas imperfeições. As relações humanas não repousam sobre a diferenciação e a perfeição, ao contrário, baseiam-se sobretudo nas imperfeições, naquilo que é fraco, desamparado e precisa de apoio. (Cf. JUNG, 2013c § 579)
Segundo a psicologia junguiana, a meta principal da vida humana é o caminho da individuação. Individuar-se é, em última análise, tornar-se o ser único e singular que cada um é, tornando-se o próprio Si-mesmo, ou “o realizar-se do Si-mesmo”. Individuação significa a melhor e mais completa realização das qualidades coletivas do ser humano. Assim como todo ser humano tem um determinado código genético, um nariz, dois olhos, etc., tais fatores universais são variáveis e é esta variabilidade que possibilita as peculiaridades individuais.
A individuação é o processo de desenvolvimento psicológico que faculta a realização das qualidades individuais, levando o homem a tornar-se o ser único que realmente é.
Nesse processo, o homem realiza as qualidades coletivas do ser humano, considerando as próprias qualidades individuais. (Cf. JUNG, 2015 § 266; 267). “A meta da individuação não é outra senão a de despojar o Si-mesmo dos invólucros falsos da persona, assim como do poder sugestivo das imagens primordiais”. (Cf. JUNG, 2015 § 269).
Sobre o desenvolvimento do amor ao próximo como resultado do autoconhecimento e do processo de individuação, Jung nos diz que “as pessoas, quando educadas para enxergarem claramente o lado sombrio de sua própria natureza, aprendem ao mesmo tempo a compreender e amar seus semelhantes; pelo menos, assim se espera. Uma diminuição da hipocrisia e um aumento do autoconhecimento só podem resultar numa maior consideração para com o próximo, pois somos facilmente levados a transferir para nossos semelhantes a falta de respeito e a violência que praticamos contra nossa própria natureza”. (JUNG, 2014 § 28)
Este pensamento nos remete ao preceito de Jesus, quando fala do maior mandamento:
“Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e todo o teu espírito. Esse é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a este: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.” (Bíblia, Mt 22:36-40)
Em linguagens diferentes, esses dois textos trazem a mesma mensagem: Não se pode amar ao próximo sem amar a si mesmo. Jung fala ainda que precisamos amar o outro dentro de nós mesmos. Aquele “eu” que rejeitamos, que não queremos ser, porque não corresponde ao modelo que construímos como ideal a partir de conhecimentos e crenças que nos foram apresentadas como verdades, desde a infância. Somente reconhecendo, aceitando e amando esse outro que nos habita, teremos desenvolvido também a capacidade de amar o outro fora.
O confronto entre a consciência e os conteúdos inconscientes gera um terceiro elemento, uma reação em cadeia que denominamos função transcendente. O eu precisa permanecer nessa caminhada entre os elementos opostos, trazendo para a consciência o que é oferecido pelo inconsciente, conferindo igual autoridade ao inconsciente, compreendendo que ele está a serviço de algo maior do que si mesmo. Agindo como um herói, deve entregar-se à missão enviada pela totalidade, a fim de retornar do mundo inferior com o elixir mágico que traz a salvação para a coletividade. (Cf. JUNG, 2013b § 181)
Ao lidarmos com os aspectos sombrios dentro de nós, desenvolvemos também a nossa capacidade de diálogo com as outras pessoas.
Em geral, a capacidade das pessoas em admitir a validade do argumento dos outros é muito reduzida, embora essa capacidade seja uma das premissas fundamentais e indispensáveis de qualquer comunidade humana. Na medida em que o indivíduo não reconhece o valor do outro, nega o direito de existir também ao “outro” que está em si, e vice-versa. (Cf. JUNG, 2013b §187)
Em sua obra “Presente e Futuro”, Jung diz que a transformação espiritual da humanidade ocorre de maneira vagarosa e imperceptível, através de passos mínimos no decorrer de milênios, e não é acelerada ou retardada por nenhum tipo de processo racional de reflexão e, muito menos, efetivada numa mesma geração. Todavia, o que está ao nosso alcance é a transformação dos indivíduos singulares, que dispõem da possibilidade de influenciar outros indivíduos igualmente sensatos de seu meio mais próximo e, às vezes, do meio mais distante, não por persuasão ou pregação, mas apenas pela experiência de quem alcançou uma compreensão de suas próprias ações, pelo acesso ao inconsciente e dessa forma, exerce, mesmo sem querer, uma influência sobre o seu meio. (Cf. JUNG, 2013c § 583)
No livro Ego e Arquétipo (2020), Edward Edinger fala do Cristo como paradigma do ego individuado, sendo o Evangelho um caminho psicológico para que o homem busque a integralidade. A imagem de Cristo e a rica teia de símbolos que se formou em torno dele têm muitos paralelos com o processo de individuação. Na realidade, quando se analisa cuidadosamente o mito cristão à luz da psicologia analítica, não é possível fugir à conclusão de que o significado essencial do Cristianismo é a busca da individuação. (EDINGER, 2020, p. 159)
Segundo Jung, Jesus Cristo viveu uma vida concreta, pessoal e única que apresentava igualmente um caráter arquetípico.
Nos Evangelhos, os relatos de fatos reais, a lenda e o mito se entrelaçam. Mas o homem comum também vive as formas arquetípicas, de forma inconsciente. Dessa forma, tudo o que acontece na vida do Cristo ocorre também nos demais seres humanos, como arquétipo. A verdadeira imitação de Cristo deve ser acessar o Cristo que vive dentro de si mesmo e encontrar a própria integralidade. (JUNG, 2012 §147)
Na obra Aion (2013), Jung fala do Cristo como símbolo do Si-mesmo:
“Cristo é o mito ainda vivo de nossa civilização. É o herói de nossa cultura, o qual, sem detrimento de sua existência histórica, encarna o mito do homem primordial, do Adão mítico. É Ele quem ocupa o centro do mandala cristão; é o Senhor do Tetramorfo, isto é, dos símbolos dos quatro evangelistas que significam as quatro colunas de seu Templo. Ele está dentro de nós e nós estamos nele. Seu reino é a pérola preciosa, o tesouro escondido no campo, o pequeno grão de mostarda que se transforma na grande árvore; é a cidade celeste. Do mesmo modo que Cristo, assim também o seu reino está dentro de nós.” (Jung, 2013a, §69)
Para concluir este pequeno ensaio sobre Psicologia Junguiana e Reflexões sobre o Evangelho de Jesus, imagino que a Psicologia Junguiana tem a missão de auxiliar o homem a tocar a própria alma, acessando a imago dei que dormita em seu interior. Alcançando a plenitude humana, em sua integralidade, pode o homem amar ao próximo como a si mesmo.
Karla Angelica Alves de Paula – Membro Analista em formação pelo IJEP
Waldemar Magaldi – Analista Didata
Referências:
BÍBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Paulus, 2002
EDINGER, Edward F. Ego e arquétipo. 2. Ed. São Paulo: Cultrix, 2020
JUNG, Carl Gustav. Aion. Estudo sobre o simbolismo do si-mesmo. 9/2. Ed. Petrópolis: Vozes, 2013a.
______ O eu e o inconsciente. 27. ed. Petrópolis: Vozes, 2015.
______ A natureza da psique. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 2013b.
______ Presente e futuro. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 2013c.
______ Psicologia do inconsciente. 24. ed. Petrópolis: Vozes, 2014.
______ Psicologia e religião. 11. ed. Petrópolis: Vozes, 2012.
MAGALDI, Waldemar (org). Fundamentos da psicologia analítica. São Paulo: Eleva Cultural, 2022
ZWEIG, Connie; ABRAMS, Jeremiah (orgs.). Ao encontro da sombra. O potencial oculto do lado escuro da natureza humana. São Paulo: Cultrix, http://groups.google.com.br/group/digitalsource

