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Psicossomática: transformando sintomas em expressões simbólicas que secretam os segredos do amor ferido

Psicossomática

Psicossomática

Todas as doenças são psicossomáticas, porque não pode existir a separação entre Corpo e Psique, ou seja, a manifestação física da doença reflete um sofrimento da alma! Muitas vezes, além das questões pessoais e existenciais, os conflitos psicoafetivos são originários da vida não vivida ou mal vivida da nossa ancestralidade. Por isso, precisamos investir em práticas que possibilitam nosso autoconhecimento, por meio do confronto com a sombra, para que aconteça a integração egóica, entre o mundo das profundezas do inconsciente com a realidade adaptativa da consciência, possibilitando que nosso inconsciente se realize em nossa existência. Para isso, o Ego precisa cumprir seu propósito, para alcançar, teleologicamente, o sentido e o significado da sua existência, que é o de servir à Alma, para poder deixar seu legado histórico existencial registrado para a posteridade.  Esse caminho Carl Gustav Jung chamou de processo de individuação.

Quando uma criança nasce sindrômica, doente ou adoece até os dois anos de idade, ela está expressando a doença familiar. Porque os filhos são os fiéis depositários e portadores da sombra familiar. É importante ressaltar que a sombra familiar é transgeracional e carrega, no mínimo, as emoções das nossas quatro últimas gerações. Ou seja, recebemos influencias dos últimos trinta ancestrais, que são atualizadas em nós, com o legado das realizações e sofrimentos psicoafetivos dos nossos país, avós, bisavós e tataravós. Por isso, não basta que os familiares amem seus filhos, eles também precisam se amar. Porque os sintomas são as secreções simbólicas que secretam os segredos do amor ferido! É importante ressaltar que, no caso das adoções, essa influência fica sobreposta, porque a criança também receberá toda a carga ancestral e dinâmica psíquica dos pais adotivos e, muitas vezes, também dos cuidadores, quando eles ficam mais presentes na vida das crianças, do que os pais.

Intimamente sabemos que a natureza não pode ser controlada por muito tempo, e ao nos tornarmos mais flexíveis, abrindo mão da ilusão do controle, diminuirão a exuberância das crises e do descontrole e, com isso, relativizaremos as normas. Portanto, os sintomas e as crises. Mas, quando surgem as crises e seus sintomas, é necessário fazermos uma boa anamnese, equivalente a recordar – relembrar ou rememorar as emoções – que estão associadas a cada sintoma, incluindo a análise simbólica do órgão, do sistema, da função ou do tecido doente, e as consequências deste sintoma, tanto no que o indivíduo deixou de fazer, quanto no que ele passou a fazer, além de uma enorme gama de análises que podem surgir, contribuindo para que a ferida secreta, que está sendo secretada por meio do sintoma de adoecimento, simbolicamente venha à tona da consciência egóica do ferido. Por isso, um bom profissional de ajuda, precisa reconhecer suas feridas, como linguagem do inconsciente, que é simbólica, alegórica e metafórica, para poder ajudar o outro a despertar seu curador interno, valendo-se desta mesma prática. Esta é a dinâmica do mito do curador ferido, vivenciado pelo centauro Quiron.

Existe uma convenção, entre os junguianos, diferenciando a grafia de self, como Arquétipo Central, e Self, com “S” maiúsculo, como totalidade psíquica, incluindo todos os arquétipos e complexos. Nesta premissa, compreendemos o processo de individuação como o chamado do Self, para conectar o Ego ao self, com o propósito dele passar a servir a Alma, que também chamamos de Psique. Ego, engajado conscientemente no processo de individuação, passa a reconhecer e aceitar sua finitude, fica confiante de que sua existência será perpetuada, por meio da sua personalidade, que equivale ao conjunto de personas relacionais, naquilo que ele possibilitou de evolução para Alma, que é imortal. Neste estado de consciência, o Ego assume o altruísmo e abandona o egoísmo, consegue desidentificar-se do corpo, apesar de cuidar dele, por ser necessário para a evolução. Neste estado, a dimensão sagrada é vivenciada por meio da relação com o Self, que equivale a Imago Dei, presente na nossa essência, permitindo a experiência numinosa da conexão do imanente com o transcendente, do estado unitivo.

Waldemar Magaldi Filho, Psicólogo, Analista Junguiano, Especialista em Psicologia Analítica, Psicossomática e Homeopatia. Mestre e doutor em Ciências da Religião. Autor do livro: “Dinheiro, Saúde e Sagrado” Ed. Eleva Cultural (www.elevacultural.com.br), coordenador e professor dos cursos de especialização em Psicologia Junguiana, Arteterapia e Psicossomática do do IJEP – Instituto Junguiano de ensino e Pesquisa

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Waldemar Magaldi Filho – 16/06/2019

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