Cada vez mais comuns são as queixas de solidão nos consultórios. Igualmente comuns são as constatações da utilização de antidepressivos e ansiolíticos para amenizar dores que não podem ser registradas em radiografias, que interferem na nossa harmonia e podem ser compreendidas como dores da alma. A solidão é uma delas e envolve um sentimento de desconexão com o meio que nos cerca, mesmo não estando sozinhos fisicamente. Em contrapartida, a solitude é um isolamento voluntário, que envolve a oportunidade de nos reconectarmos com a nossa essência. Ambas são consideradas importantes para a psicologia. Na obra de Carl Gustav Jung, a palavra solidão comparece várias vezes. Geralmente é associada ao isolamento e à angústia, como possibilidade de estabelecermos um diálogo com o nosso mundo interno, promovendo o autoconhecimento e a ressignificação de padrões doentios, para o alcance da plenitude.
De uma forma geral, a solidão é um sentimento de vazio, associada à dor e à tristeza. Ela não pode ser medida e também não escolhe idade para se manifestar. É comum sentirmos solidão em algum momento da vida, sobretudo em momentos de crises, perdas, encerramento de ciclos, porém ela está tão presente na vida das pessoas que algumas medidas foram adotadas em alguns países, principalmente com o evento pandemia. Segundo informações constantes no site do Jornal da USP[1], o governo japonês decidiu nomear um Ministro da Solidão, muito em função do aumento do número de suicídios e do risco do desenvolvimento de transtornos mentais, reforçando a importância com os cuidados da saúde mental. Jung nos alertou sobre os cuidados com a saúde psíquica: “Pouco tempo é dedicado ao principal instrumento da pessoa humana, isto é, sua psique, quando não é desprezada e considerada suspeita. “É apenas psicológico” significa: não é nada”.[2] A simplificação do fator psicológico é a causa de muitas dores que poderiam ser evitadas. Alceu Valença traduziu essas dores com a música Solidão: A solidão é fera, a solidão devora. É amiga das horas, prima-irmã do tempo. E faz nossos relógios caminharem lentos. Causando um descompasso no meu coração […] A solidão dos astros. A solidão da Lua. A solidão da noite. A solidão da rua[3].
É possível percebermos que a solidão vem tomando muito espaço no decorrer dos anos. Com as mudanças e necessidade de adaptações que o isolamento da pandemia exigiu, o quadro se intensificou, muitos foram afetados, principalmente os adolescentes e idosos. No auge da autoafirmação perante o grupo social, os adolescentes foram privados do contato presencial, voltando-se para os quartos e o mundo virtual. Os idosos, por sua vez, intensificaram as vivências de solidão, que já são comuns no seu entorno relacional. No caso dos adolescentes, houve um aumento significativo de uso da automutilação, que envolve o ato de provocar dor em si mesmo, por meio de ferimentos físicos e também aumento de suicídios. Simbolicamente, entende-se que o ato não necessariamente representa a vontade de morrer, mas a necessidade de eliminar a dor emocional. Como disse Clarice Lispector: “Tenho certeza de que no berço a minha primeira vontade foi a de pertencer […] Se no berço experimentei essa fome humana, ela continua a me acompanhar pela vida afora, como se fosse um destino.[4] Em contrapartida, na pandemia muitas pessoas aprenderam ou reaprenderam a lidar com momentos de estarem sozinhos, dando espaço para a solitude. As perdas e limitações contribuíram para novos olhares e novas descobertas.
Outro aspecto importante a considerarmos é a crescente dificuldade de nos relacionarmos com os outros. O excesso de postagens nas redes sociais de festas e momentos de felicidade evidenciam a necessidade do encontro, ao mesmo tempo para muitos ocasionam mais sensações de solidão com a exposição da sua intimidade. E todo excesso encobre uma falta, aumentando as nossas projeções, como dizia Jung: “É certo que gostaríamos de manter melhores relações com os nossos iguais, mas naturalmente com a condição de que correspondam às nossas expectativas, isto é, de que procedam como portadores submissos de nossas projeções.”[5] Vindo ao encontro, deparamo-nos também com o crescimento de uma recente realidade digital, denominada de Metaverso. Em termos gerais, é um espaço em que o usuário pode criar seu próprio avatar 3D para representar a si mesmo, ou mesmo criar um personagem fictício e com a realidade aumentada. Assim como ocorre diante de qualquer inovação, quando utilizada em excesso, pode se tornar um espaço de projeções nem sempre saudáveis. Como exemplos, podemos citar a distorção e fuga da realidade, o uso contínuo do mundo virtual, a disseminação de discriminações e cancelamentos virtuais, que podem se tornar grandes problemas reais. Cada vez mais solitários e acelerados, seguimos padrões que a sociedade impõe em forma de digital influencers. Precisamos ser influenciados pelos outros ou precisamos nos influenciar? Sem tempo de fazermos paradas com escolhas mais saudáveis, comparecem as paradas obrigatórias em forma de doenças.
É muito comum permanecemos fixados no passado, no futuro ou no presente com estresse. Presos ao passado, alimentando-nos de lembranças, com tendências depressivas. Centrados no futuro, acelerando o tempo, gerando estados ansiosos. Voltados ao dia a dia na perspectiva de ter que fazer ou ter, estressados com tantos afazeres, esquecendo do essencial: estarmos inteiros e harmoniosos no presente. Tarefa difícil, mas possível. Neste sentido, enfatizo uma das seis grandes dimensões da vida – a vida social – que muitas vezes é suprimida por outras atividades e que contribui significativamente com o aumento dos casos de solidão. Há muito tempo Jessé expressou com sua voz a canção Solidão de Amigos: “Lenha na fogueira, lua na lagoa. Vento na poeira, vai rolando à toa. A cantiga espera quem lhe dê ouvidos. A viola entoa, solidão de amigos. A saudade lembra de lembranças tantas. Que por si navegam nessas águas mansas […]”[6] Não podemos esquecer que somos seres individuais e também seres plurais. Precisamos conviver, influenciamos e somos influenciados o tempo todo, mesmo sem percebermos.
Da mesma forma, poetas expressam a solidão. Em pesquisa recente foi possível constatar que no decorrer da nossa história, o poemaPrimavera e Outono, do livroPoemas e Prosa, foi considerado um dos mais tristes.[7] Gerard Manley Hopkins (1880), expressou-se assim: […] Ah, mas o coração envelhece. E diante dessas visões arrefece […] Primaveras de pesar seguem iguais. A boca não expressou, nem a mente. O que ouve o coração, o espírito pressente. Eis a ruína que com o homem nasce […]. Muitos filmes também retratam a angústia do isolamento, como Na Natureza Selvagem[8], história de um jovem que larga tudo para realizar uma viagem rumo ao mais fundo de si mesmo, promovendo o autoconhecimento. Ele experienciou a dor da solidão, igualmente a sensação agradável da solitude, com o objetivo de alcançar a perfeição. É o que também Jung propôs sobre as neuroses do homem: “Se ele fosse sozinho para o deserto e na solidão se pusesse a escutar a voz íntima, talvez pudesse perceber o que diz essa voz interior”[9]. Ele argumentou que o ser humano é deformado pela cultura e muitas vezes incapaz de perceber essa voz e assim não desenvolve uma consciência mais ampla e abrangente.
O nosso contexto social também registra aspectos relacionados à solidão em forma de ditados populares, aparentemente sem muita importância, porém recheados de conceitos universais de experienciar o mundo, transmitidos de geração em geração. Quem nunca ouviu a frase “antes só do que mal acompanhado”? “Gato escaldado tem medo de água fria”, evidencia as marcas das vivências negativas, assim como “pimenta nos olhos dos outros é refresco”. E diante de questionamentos sobre a angústia que comparece, as respostas são as mais diversas. “Cada um sabe onde lhe aperta o sapato” expressa bem que a dor não tem medida e que cada realidade é única. “Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe” mostra as diferentes realidades que comparecem e podem ser vistas como oportunidades. Do mesmo modo, “não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje” e “quem canta seus males espanta” pode ser visto como um movimento de solitude. Os mais otimistas dirão “depois da tempestade vem a bonança” e “a esperança é a última que morre”. “Não adianta tapar o sol com a peneira” nos convida para refletirmos sobre a necessidade de buscarmos ajuda diante dos problemas com profissionais da área. Na maioria das vezes, “uma andorinha sozinha não faz verão”.
Muitas vezes a solidão comparece nos relacionamentos amorosos. Crescemos ouvindo sobre a importância de vivermos um casamento. Na atualidade essa perspectiva apresenta mudanças, porém muitos ainda sofrem com relações destrutivas, que são mantidas por medo da solidão e medo trocar o certo pelo duvidoso, mesmo vivendo solidão a dois. Em alguns casos, as funções pensamento e sentimento são forças opositoras e não alcançam um processo integrativo. Para Jung, as relações humanas deveriam ocupar o centro das atenções: “Sendo assim, o mais alto interesse da sociedade livre deveria ser a questão das relações humanas, do ponto de vista da compreensão psicológica, uma vez que sua conexão própria e sua força nela repousam. Onde acaba o amor, têm início o poder, a violência e o terror”.[10] Quem nunca se emocionou ao ouvir “Yesterday”[11]? Quando a relação acaba, as dores são inevitáveis, como canta Maria Gadú: “E assim eu sigo, fico nessa solidão. Onde os caminhos percorreram e me trouxe até aqui. Se você não vem mais não sei, só sei que sinto os meus pés no chão. Traçando planos novas metas as que você não percebeu”[12]. Na linguagem popular, essas dores são associadas as dores do coração.
Sob o olhar da Psicossomática, o paciente cardíaco pode apresentar dificuldades de expressar emoções. Neste contexto, os “não ditos”, além de não ajudarem a fortalecerem os vínculos, contribuem para o surgimento de processos de adoecimento. Outro aspecto que merece atenção é o aumento significativo de doenças cardiovasculares com o coronavírus. Segundo o médico Drauzio Varella, bastante conhecido pelas falas que comparecem na mídia, o nosso maior inimigo é o interior, o componente subjetivo é maior do que a realidade objetivamente representa: “No nosso cérebro, é o sistema límbico o responsável por receber as informações externas e transformá-las em emoções. Desta forma, um complexo sistema nervoso e humoral é ativado e, através de reações físicas e químicas, controla o funcionamento de vários órgãos, incluindo o coração […] A essência da qualidade de vida, da felicidade e, portanto, da saúde está na relação afetiva interpessoal que inclui não apenas o par amoroso, a família e os amigos próximos, mas todos aqueles com quem convivemos de uma maneira ou outra”.[13] Isso vem ao encontro do que mais buscamos a vida inteira: amor e reconhecimento.
Independente de professarmos a nossa fé ou sermos incrédulos, é interessante percebermos como as diferentes religiões abordam a solidão e a tristeza nas suas pregações. Na Bíblia Sagrada, Paulo, Elias, Jeremias, Jonas, Jó e Jesus Cristo vivenciaram esses momentos. Em Gênesis, 2:18, percebemos que o plano original de Deus era o da convivência: “Não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda”. Momentos de solidão também comparecem em Marcos, 1:35: “De madrugada, ainda bem escuro, levantou-se, saiu e foi a um lugar deserto, e ali orava”. Em João, 16:33, a solidão comparece como oportunidade de transformação de tristeza em grandes bençãos: “Tenho-vos dito essas coisas para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflição, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”.[14] Segundo os ensinamentos de Chico Xavier nos seus livros e filmes, em resumo podemos dizer que a solidão é um sentimento que envolve estarmos longe da nossa essência, geralmente voltados às regras da sociedade e aos excessos de afazeres. No O Livro dos Espíritos de Allan Kardec, a solidão comparece como algo contrário à lei natural.[15] De acordo com falas do pastor Claudio Duarte nas redes sociais, orar nos conecta com Deus e nos auxilia nos momentos em que a sensação de solidão está aumentando. Com as diferentes falas, percebemos que a essência sobre a solidão é a mesma: momento oportuno para nos reconectarmos com a nossa alma.
Enquanto algumas pessoas querem fugir da solidão, outras a percebem como possibilidade de renovação. Isso nos faz lembrar dos monges budistas, seres solitários, que buscam o refúgio para se conectarem. De forma similar, no Tarô de Marselha, o arcano maior Eremita simboliza o recolhimento e nos convida a obtermos a iluminação e o autoconhecimento no silêncio e no isolamento. O Eremita representa bem essa realidade, vivendo em lugares isolados, buscando na solidão a sua iluminação.[16] Ao mesmo tempo é um movimento de solitude, a partir de escolhas saudáveis, como ocorre com muitas pessoas que mantêm o contato com a natureza, principalmente nos finais de semana e em período de férias. O mesmo se estabelece com algumas tribos indígenas que vivem isoladas do mundo civilizado. Como disse, embora afastados da sociedade, não necessariamente vivem na solidão, pois também vivem em comunidade e estabelecem movimentos de solitude.
Ao refletirmos sobre solidão, logo fazemos associações com alguns filósofos, principalmente com Nietzsche, que percebia a solidão como um dos ensinamentos do espírito livre e consiste em afastar-nos para termos uma visão mais ampla, sem temermos a nossa própria companhia. E a sociedade de algum modo nos incentiva o contrário. Da mesma forma, é possível lembrarmos da mitologia com seus deuses, deusas e suas representações. Oizus, na mitologia grega, personifica a angústia, a miséria e a tristeza, que são características da solidão. Pã, o protetor das florestas, é considerado deus dos rebanhos, dos pastores e dos bosques, que vive em grutas, vales e montanhas, caçando ou dançando com as ninfas. É temido por todos que atravessam as florestas à noite, momentos em que a solidão e as trevas se fazem presentes, causando pânico. Pã juntou caniços de diferentes tamanhos e os transformou em instrumento musical, conhecido como flauta, em honra ao próprio deus.[17] Pã, com o seu afastamento, representa a solidão.
Os contos de fadas, as lendas e as fábulas, são ótimos recursos para trabalharmos aspectos sombrios. Rapunzel é um conto de fadas clássico dos Irmãos Grimm.[18] Ele conta a história de uma menina isolada em uma alta torre sem portas e escadas, criada por uma bruxa. É uma história dramática, com final feliz, por conseguir transformar a sua realidade a partir de recursos internos, cantando para si mesma com sua doce voz em momentos de solilóquio. Simbolicamente, pode ser considerado um exemplo de transformação de solidão em plenitude.
Assim como os seres humanos, os animais também vivem em bandos ou solitários, ao nosso redor ou como imagens dentro de nós em forma de arquétipos, com imagens primordiais. Geralmente comparecem em forma de sonhos e quando ampliados em processo de análise, criam sentido e significado pessoal.[19] Vários animais podem ser associados ao arquétipo de solidão. O lobo é um exemplo típico. Entre os lobos, o lobo-guará é o mais solitário, prefere andar e caçar sozinho e só procura companhia para a reprodução. Quanto de lobo temos dentro de nós? Talvez precisamos buscar mais a força do leão, o arquétipo do poder pessoal e da autoconfiança. Ou quem sabe a serpente, que simboliza a transformação com a troca da sua pele, porém indo além, transformando também o interior.
A solutide, por sua vez, comparece quando conseguimos ficar sozinhos e nos sentimos bem com a escolha. Ela é importante, porém não podemos esquecer que é viciante pela sensação de bem estar que nos proporciona. Jung se isolou algumas vezes na sua torre – casa de campo em Bollinger – e ali escreveu maior parte da sua obra. Uma delas é Resposta a Jó, que ele escreveu seguidamente sem parar.[20] E ele mesmo nos alertou: “A vida também é amanhã; só compreendemos o hoje se pudermos acrescentá-lo àquilo que foi ontem e ao começo daquilo que será amanhã”.[21] Podemos olhar diferente para a solidão, que tem seu lado positivo, traz a angústia, que é uma preciosa oportunidade de mudar para melhor o que nos afeta. Com sua voz encantadora, Sandra de Sá passa essa mensagem: “Solidão, dá um tempo e vá saindo, de repente eu tô sentindo, que você vai se dar mal […] A solidão é nada, você vem na hora errada em que eu não te quero aqui”.[22] Transformar a solidão em solitude é o que Djavan também expressa com a música Solitude: “Quem é que sabe o quanto lhe cabe dessa solitude? Por isso a hora de fazer é agora. Tome uma atitude”.[23] Fernando Pessoa sabiamente nos orientou para a integração de conteúdos: “Não tenho pressa: não a têm o sol e a lua. Ninguém anda mais depressa do que as pernas que tem. Se onde quero estar é longe, não estou lá num momento”.[24]
Algumas vezes, olharmos para dentro envolve o ato de falarmos oralmente conosco, também denominado de solilóquio. De um modo geral, solilóquio pode ser compreendido como um monólogo dirigido a nós mesmos ou ao ato de falarmos sozinhos. É uma técnica que comparece no teatro ou romances, que permite estabelecer um diálogo do personagem consigo mesmo ou com sua alma. Na visão Junguiana, o processo que envolve a habilidade de conversar consigo mesmo, em pensamento ou pela voz, é uma oportunidade de confrontarmos o nosso inconsciente, trazendo para consciência conteúdos desconhecidos. Na obra de Jung, esse aspecto comparece inúmeras vezes e ficou mais evidente nos Livros Negros, com registros de uma autoexperimentação singular, que Jung vivenciou solitariamente antes de passá-la para os outros. De forma similar, o Livro Vermelho que pode ser considerado um condensado dos Livros Negros, apresenta ilustrações dessas vivências e nos mostra o valor da sua expressão para a compreensão do inconsciente.
Diante do exposto sobre solidão e solitude, podemos considerar que os dois aspectos fazem parte em diferentes momentos da nossa vida, assumindo um papel de muita importância para transformarmos aquilo que não está bom e acolhermos o que faz bem para nossa alma. Dizia Clarice Lispector, diante da solidão, no seu poema Meu Deus, me dê coragem: “Faça com que minha solidão me sirva de companhia. Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar. Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo”.[25] Jung vai além, com afirmações sobre a ressignificação de padrões: “O paciente deve ser capaz não só de reconhecer a causa e a origem de sua neurose, mas também de enxergar a meta a ser atingida”.[26] De forma similar, Raul Seixas nos deixou grandes lições com seu espírito das profundezas: “Eu perdi o meu medo, o meu medo, o meu medo da chuva. Pois a chuva voltando pra terra traz coisas do ar. Aprendi o segredo, o segredo, o segredo da vida. Vendo as pedras que choram sozinhas no mesmo lugar”.[27] Perder o medo da chuva simbolicamente pode representar o enfrentamento da solidão com o autoconhecimento. A ressignificação da angústia pode comparecer em forma de solitude, que é mesclada de autoestima e de autonomia, com escolhas mais saudáveis.
Para finalizar, podemos afirmar que para vivermos de forma mais harmoniosa é necessário estabelecermos um diálogo com o nosso mundo interno, semelhante ao que foi escrito por Jung em inúmeras frases, como a que segue: “Para educar um indivíduo para a autonomia e para uma vida plena, é preciso levá-lo à assimilação de todas as funções que bem pouco ou mesmo nenhum desenvolvimento consciente alcançaram”[28]. Essas funções envolvem analogicamente a refrigeração da alma com mergulhos em águas conhecidas e desconhecidas. É olharmos para o mar e além de vermos a sua imensidão, imaginarmos para onde estamos navegando e percebermos novas possibilidades. A solidão e a solitude podem ser esse diálogo com o nosso mundo interno para alcançarmos a plenitude.
Claci Maria Strieder – Membro analista em formação do IJEP
Waldemar Magaldi Filho – Analista Didata
Fontes de apoio:
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MARTEAU, P. O Tarô de Marselha. São Paulo, Ed. Objetiva, 1991.
[1] https://jornal.usp.br/atualidades/japao-cria-ministerio-da-solidao-para-lidar-com-aumento-de-taxas-de-sucidio-na-pandemia/
[2] JUNG, C. G. A vida simbólica. Petrópolis, Vozes, 2013, par. 605.
[3] VALENÇA, A. Solidão. LP Mágico. Barclay / Ariola, 1984.
[4] LISPECTOR, C. Pertencer. In A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999, p. 110.
[5] JUNG, C. G. A natureza da psique. Petrópolis, Vozes, 2013, par. 517.
[6] JESSÉ. Solidão de Amigos. Gravadora: RGE, 1982.
[7] https://www.observatoriodaimprensa.com.br/armazem-literario/_ed810_o_poema_mais_triste_ja_escrito/
[8] PENN, S. Na Natureza Selvagem. EUA, 2007.
[9] JUNG, C. G. O desenvolvimento da Personalidade. Petrópolis, Vozes, 2013, par. 315.
[10] JUNG, C. G. Presente e futuro. Petrópolis, Vozes, 2013, par. 580.
[11] BEATLES. Yesterday. Álbum Help. Capitol Records (EUA), 1965.
[12] GADÚ, M. Solidão. Som Livre, 2009.
[13] https://drauziovarella.uol.com.br/entrevistas-2/as-emocoes-e-o-coracao-entrevista/
[14] Passim. BÍBLIA Sagrada. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.
[15] Passim. KARDEC, Allan. O Livro dos espíritos. Trad. de Salvador Gentile; rev. Elias Barbosa. Araras: IDE, 2009.
[16] MARTEAU, P. O Tarô de Marselha. São Paulo, Ed. Objetiva, 1991.
[17] BONS FLUIDOS. Especial os mitos e você, nº 65. São Paulo: Editora Abril, 2004.
[18] GRIMM, I. Contos de Fada. São Paulo: Iluminuras, 2002.
[19] BACHMANN, H.I. O animal como símbolo nos sonhos, mitos e contos de fadas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2016, p.7-12.
[20] JUNG. C. G. Resposta a Jó. Petrópolis, Vozes, 2013.
[21] Idem. Psicologia do inconsciente. Petrópolis, Vozes, 2013, par. 67.
[22] SÁ, S. Solidão. Sandra de Sá Gravadora: 2001.
[23] DJAVAN. Solitude. Álbum Final feliz (Jorge Vercilo e Djavan). Compacto, 2000.
[24] PESSOA, F. Vida e obras de Alberto Caeiro. 1. ed. São Paulo: Global, 2017. p. 181
[25] http://www.jornaldepoesia.jor.br/cli1.html.
[26] JUNG, C. G. Ab-reação, análise de sonhos e transferência. Petrópolis, Vozes, 2013, par.293.
[27] SEIXAS, R. Medo da chuva. LP Gita. Philips, 1974.
[28] JUNG, C.G. A natureza da psique. Petrópolis, Vozes, 2013, par. 472.