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Vivemos há algum tempo em uma situação de ausência de corporeidade nas relações que, apesar de agravada pela pandemia, já era um reflexo de um estilo de vida bastante difundido na sociedade pós-moderna e contemporânea. Somamos aos paradigmas sociais, políticos e econômicos da sociedade contemporânea neoliberal, as inovações tecnológicas, e o que acabamos por testemunhar é uma dificuldade nas relações objetais e no estabelecimento de laços. Já há tempos, nosso imaginário se deixa levar por enredos ficcionais onde uma “era digital ou robótica”, enaltecida e temida, destila todo seu poder onipotente de desmaterialização e desumanização. Mas, aparentemente, alguns desses enredos se tornaram uma realidade.

Em vários momentos de sua obra Jung deixa claro a importância de encarar e vivenciar de frente as experiências de sofrimento que a vida nos apresenta. Este pathos, pode ser terreno fértil para novas possibilidades de crescimento e desenvolvimento psicológico. Muitas histórias de sofrimento foram vividas nesta pandemia, ainda mais por aqueles que passaram pela contaminação do COVID-19 e sobreviveram. Da farra dos complexos ao silêncio criativo, foi uma destas histórias, um percurso compartilhado em forma de artigo.

As primeiras vezes que Jung falou sobre trauma, foi a partir da perspectiva de Freud, já que naquele momento ele estava envolvido nas pesquisas e defesa das ideias postuladas pela escola freudiana. Naquele momento se tinha a ideia de que a partir do trauma se desenvolvia a histeria, contudo eles, tanto Freud quanto Jung, começaram a observar que, a priori, o trauma emergia em virtude de alguma predisposição.