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eja por medo ou repulsa, a relação do ser humano com as baratas tem sido intensa e complexa. Sua presença pode ser notada por gritos histéricos, cadeiras sendo usadas como porto seguro, vassouras e chinelos que se transformam em armas, meninos correndo e tentando caçá-las pelas antenas (para ameaçar as meninas, é claro!), e também por aqueles que assistem a essa tragicomédia com um saco de pipoca e risadas incrédulas.

O tema dessa reflexão é permeado por uma história: negro, Rafael, quando criança esteve escravo. Fugiu e adulto tenta sobreviver na “França das Luzes”, no início do século XX. Depara-se com severas restrições sociais devido à coloração de sua pele. Ele próprio, com seus comportamentos e decisões, também destrói e dissipa o que constrói pelo próprio esforço. Assume uma atitude de radicalização, de tudo ou nada em relação ao seu trabalho. Antes de seus 50 anos, alquebrado por tanta rejeição e luta, desiste, adoece e morre. Trata-se da história verídica do palhaço Chocolate, famoso e inovador em sua época de palcos e picadeiros, como palhaço.

Partindo da narrativa junguiana, pode-se refletir que a psique possui refinado sistema de avaliação, ou seja, um “sistema de valores psicológicos” (JUNG 2013, §14). Valor designaria uma relação de intensidade e jamais uma substância, qualidade, propriedade específica, ou seja, nunca uma coisa em si. A energia psíquica neste sentido não expressa “nada mais do que as relações entre valores” (JUNG 2013, §50).  O sistema de valores usaria medidas de valores morais e estéticos coletivos (que são denominados de objetivos, pois associam-se a escalas de valores universalmente estabelecidas) e valores que podem não corresponder, exatamente, aos valores universais estabelecidos pois teriam sido vividos de maneira singular na vida de cada sujeito. Embora tivessem um arranjo vivido de forma particular e singular ainda assim teriam relação com valores coletivos.

Poderia o transtorno depressivo ser reimaginado como a dominação unilateral de um conjunto de sistema de valores que, em cisão e reação de oposição e embate, produzem o que surge como sintomas? 
Através da narrativa Junguiana a noção de doença mental (psicopatologia) pode ser revista como o momento em que se configura a dominação unilateral de um padrão arquetípico que, em complexos, torna-se governo interior tirânico e com grande intensidade se coloca em oposição e embate contra manifestações diversas. Os complexos dominantes viveriam os elementos em cisão como inimigos a serem combatidos, o que constelaria todos os mecanismos automáticos de defesa e fariam com que estas manifestações surgissem como sintomas. 
Pode-se partir da descrição do episódio depressivo no X Código Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde (CID-10 OMS , 1993) em que este é apresentado como:
“Em episódios depressivos típicos, (…) o indivíduo usual¬mente sofre de humor deprimido, perda de interesse e prazer e energia reduzida levando a uma fatigabilidade aumentada e atividade diminuída. Cansaço marcante após esforços apenas leves é comum (…)” (CID-10 OMS, 1993, p.117)

Poderia o Transtorno Afetivo Bipolar ser reimaginado como a dominação unilateral de um conjunto de sistema de valores que, em cisão e reação de oposição e embate, produzem o que surge como sintomas?

Através da narrativa Junguiana a noção de doença mental (psicopatologia) pode ser revista como o momento em que se configura a dominação unilateral de um padrão arquetípico que, em complexo, torna-se governo interior tirânico e com grande intensidade se coloca em oposição e embate contra manifestações diversas. Os complexos dominantes viveriam os elementos em cisão como inimigos a serem combatidos, o que constelaria mecanismos automáticos de defesa e fariam com que estas manifestações surgissem como sintomas.