Browsing: Processo de Individuação

As metáforas, poesias e sonhos são apresentados neste pequeno texto como linguagens de acesso a nossa alma. É através desse encontro com o nosso mundo interior, que poderão ser gestadas novas possibilidades de construção de sentidos e significados, para a miséria neurótica gerada pela cultura imediatista e objetividade excessiva. Jung parece antecipar esse momento que estamos vivendo, e nos aponta caminhos e saídas.

De origem germânica, nasci no sul do Brasil, com predominância da cultura europeia em que é muito valorizado o preparo de alimentos, produzidos e colhidos pelas famílias nas suas hortas, quintais e roças. Neste contexto, receber bem os familiares e os amigos envolve a fartura na mesa que, simbolicamente, pode ser entendida como reflexos do complexo materno, transmitido pela transgeracionalidade, fixado pela ideia de escassez decorrente das guerras. Por outro lado, também pode representar uma forma de comemorar e, neste contexto, geralmente as mulheres prepararam delícias da culinária alemã e italiana, transmitidas pelos seus descendentes, cozinhando em diferentes tipos de panelas, misturando cores, sabores e muito afeto.

Individuação é o termo que Jung usou para falar de uma destinação:
Individuação significa tornar-se um ser único, na medida em que por individualidade entendermos nossa singularidade mais íntima, última e incomparável, significando também que nos tornamos o nosso próprio si mesmo. Podemos, pois, traduzir individuação como tornar-se si mesmo (Verselbstung). ou o realizar-se do si mesmo (selbstverwirklichung). (JUNG, 1981c, Estudos Sobre Psicologia Analítica, §266) negritos meus

​​​​​​​Medicalização poder ser vista como uma atitude, maneira de ver, viver e se conduzir em que o que não corresponde ao padrão esperado (normal, saudável etc.) é julgado como uma doença no indivíduo, que precisa ser evitado, prevenido, tratado e curado: problema médico. Disto decorre o termo “medicalização” que não ser reduz, exclusivamente, a prescrição de medicações literalmente falando, mas do olhar que transforma em doença médica tudo que é vivido como erado, ruim, moralmente reprovável etc. Por exemplo: se toda dor de cabeça for vista como uma cefaleia ela deverá ser investigada, cuidada, tratada dentro de protocolos médicos. Ela será submetida a linguagem e a todos os procedimentos médicos. 

“(…) é algo de grande e misterioso o que designamos por ‘personalidade(…)”   (JUNG, 2013a, §312)

Este artigo apresenta uma reflexão inspirada no texto traduzido como “Da formação da personalidade” publicado no Volume VII da Obras completas de C.G. Jung. (JUNG, 2013a, p.178)

A narrativa, de forma interessante, não começa definindo ou conceituando o que se quer dizer com “personalidade”, mas enfatizando sua importância através de um verso de Goethe. Segue afirmando uma “opinião” de quão forte são os desejos de desenvolver a totalidade do ser humano – “à qual se dá o nome de personalidade” (JUNG, 2013a, p.178) itálico do autor. “Se dá o nome” não é a mesma coisa do que dizer que é! Ou seja, pode-se entender que Jung aproxima-se do tema falando dos discursos sobre este e não afirmando positivamente sua literalidade.