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Ética na Umbanda: a Responsabilidade do Sacerdote e o Encontro com o Si-Mesmo

Ética na umbanda

Neste artigo, exploraremos a importância da ética na prática religiosa da Umbanda, com foco na responsabilidade do sacerdote. Descubra como a religião, nascida da fusão de várias tradições, promove valores espirituais e o encontro com o Si-Mesmo. Abordaremos questões éticas, o papel do sacerdote como curador, a relação com o poder, e a necessidade de integração das sombras para uma prática religiosa genuína e transformadora.

A Umbanda é uma religião nova, ainda em formação, que surgiu do Sincretismo religioso cristão, Kardecismo, religiões africanas e pajelança indígena. É uma religião puramente brasileira na qual, apesar de suas bases serem adaptadas de outras religiões, os valores estão arraigados no inconsciente coletivo do brasileiro.

Como falar em “cura” e o poder que é designado ao Sacerdote sem antes falar da espiritualidade, da importância da corrente mediúnica e da missão de um verdadeiro Sacerdote ou Dirigente de um terreiro de Umbanda? Qual o caminho a ser trilhado por esses indivíduos diante da missão de vida que lhes foi herdada?

Segundo Rubens Saraceni:

“(…) neste mesmo inconsciente religioso coletivo estão presentes valores religiosos do povo nativo que aqui já vivia há milhares de anos, assim como estão presentes valores religiosos antiquíssimos dos povos africanos que para cá foram trazidos desde o início do século XVII.”

SARACENI, 2012, p.11

A Umbanda está fundamentada nos Orixás Africanos trazidos pelos negros, onde faziam seus rituais nas senzalas. O que, além de dar continuidade aos seus cultos de Candomblé e fortalecer sua fé, era um modo de diversão e união entre os povos.

A pajelança indígena também é de grande importância para a Umbanda. Além de os pajés serem respeitados por sua sabedoria, lhes era designada a função de encaminhar os maus espíritos para garantir o equilíbrio da tribo.

O que aproximou a doutrina Kardecista, vinda da Europa, à Umbanda foi a experiência religiosa da incorporação e a comunicação mediúnica com os espíritos. Segundo a historiadora Juliana Bezerra (PUC-RJ), a Umbanda é uma religião surgida nos subúrbios do Rio de Janeiro, em 15 de novembro de 1908, na qual Zélio Fernandino de Moraes, nascido em São Gonçalo/RJ, teria incorporado o Caboclo das Sete Encruzilhadas. Esse fato foi um marco para o surgimento de uma nova religião, a Umbanda, uma religião monoteísta onde seu Deus supremo é Olorum.

Através da fala do Caboclo das Sete Encruzilhadas iniciou-se uma nova religião e o culto espiritual nos terreiros de Umbanda:

“Se julgam atrasados estes espíritos dos pretos e dos índios, devo dizer que amanhã estarei em casa deste aparelho, para dar início a um culto em que esses pretos e índios poderão dar sua mensagem, e, assim, cumprir a missão espiritual que a eles foi confiada. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E, se querem saber o meu nome, que seja este: Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque não haverá caminhos fechados para mim.”

CORRAL, 2010, p. 11

Muito se discute a respeito da etimologia da palavra “umbanda” e seus significados. Em uma vertente esotérica se define como sendo de origem sânscrita. Outra afirma que a palavra se forma a partir de ajustes de princípios adâmicos ou vatâmicos presentes na escrita ariana e na linguagem védica, expressada inicialmente como Aumbhandhan, referente à normas e ensinamentos sobrenaturais.

Existe ainda uma corrente mais histórica, que coloca o vocábulo como sendo proveniente do grupo linguístico de tradição Bantu (OLIVEIRA E JORGE, 2013). Especificamente dos dialetos umbundo, kimbundo e kicongo, derivando-se da palavra kimbanda, que recebeu no processo de constituição histórico, no Brasil.

“Denominações como Quimbanda, Quibanda, Embanda, Banda, fazendo referência ao chefe supremo do culto; ao feiticeiro; ao médico; ao adivinho por vezes; ou ao espaço de macumba ou mesmo o seu ritual religioso.”

SILVA, 1995

Para outros, a palavra Umbanda deriva de “m’banda”, que em kimbundu significa sacerdote ou curador”, sendo “onde todos os praticantes são um templo vivo no qual os Sagrados Orixás se manifestam, assim como todos os nossos amados guias espirituais.” (SARACENI, 2018, p. 21).

Enfim, a Umbanda surgiu da necessidade de os homens resgatarem sua e serem auxiliados em suas necessidades. Restabelecendo sua conexão com o Sagrado onde, através das consultas espirituais, os fiéis encontravam acolhimento e a “cura” temporária para suas “doenças”.

A Umbanda, através de sua história, conseguiu unir três grandes povos das vertentes religiosas: o negro, o índio e o europeu, salvo que ela é uma religião tipicamente brasileira, onde cada um de seus “guias espirituais” tem suas raízes enfincadas em nossa terra e seus médiuns trabalham para eles. A Umbanda não tem discriminação de raça, cor e gênero, ela acolhe e traz a quem a procura amor e conforto espiritual, dentro do merecimento de cada um. Como dito, a palavra umbanda significa sacerdote ou curador, ou seja, a arte de curar.

Quem possui a “arte de curar”?

Quem possui a arte de curar? Através da Psicologia Analítica podemos fazer uma pequena ampliação a esse respeito. Ao sacerdote de Umbanda cabe a responsabilidade de conduzir o terreiro, como também, segundo o autor citado acima, o poder da cura. Além de todas as incumbências de um Sacerdote, que conduz um terreiro de Umbanda, ele ainda tem o dever e o poder de curar?

Segundo o autor Saraceni: “na Umbanda o sacerdócio é uma missão, só consegue dirigir uma tenda quem traz essa missão, pois esta também é dos guias espirituais” (SARACENI, 2016, p. 25).

Se essa missão de vida lhes é dada desde o nascimento, e para tal prática terão a ajuda e orientação dos guias espirituais, como pode um Sacerdote se apropriar desse poder e fazer uso da espiritualidade para controlar e manipular seus fiéis? Infelizmente, ainda temos muitos líderes religiosos que utilizam do Código de Ética da Umbanda a favor do seu próprio benefício e não da espiritualidade.

No livro Psicologia do Inconsciente, Jung faz uma breve reflexão sobre a teoria dos Complexos, onde cita que o amor e o poder são opostos entre si e necessários para o equilíbrio da nossa psique.

“Estou mais do que convencido de que o caminho da vida só continua onde está o fluxo natural. Mas nenhuma energia é produzida onde não houver tensão entre contrários; por isso, é preciso encontrar o oposto da atitude consciente. (…) o contrário do amor é o ódio; o contrário de Eros, Phobos (o medo). Mas, psicologicamente, é a vontade de poder. Onde impera o amor, não existe vontade de poder; e onde o poder tem precedência, aí falta o amor. Um é a sombra do outro.”

JUNG, OC 7/1, p.65

Existem muitas maneiras de pensarmos em sombra e em Umbanda

A priori, precisamos olhar para o lado sombrio desse Sacerdote ao qual é dado o poder de cura. Se pensarmos em sombra como tudo aquilo que foi negado, nossos conteúdos desconhecidos, reprimidos e recalcados, podemos chegar a um indivíduo que possui um desconhecimento de si próprio e doentio, que lhe resta apenas cumprir o Código Moral da Umbanda e não a verdadeira ética.

Ética e Moral na Umbanda

Para Simone Magaldi, Ética é aquela que vem do Self, vem ao encontro da nossa missão de vida, da nossa alma. Podemos associá-la a arte de plantar o bem e que vai muito além do tempo e do espaço, é puramente espiritual. Enquanto Moral é o conjunto de práticas, costumes e convenções sociais regidos por algum princípio comum, a Ética seria a perspectiva teórica que rege um determinado sistema moral na visão filosófica.

A moral vem do Ego, depende do tempo, lugar, costumes e leis onde o indivíduo vive. Já a Ética vai além do Ego, aponta para uma realidade psíquica que transcende, é um mergulho ao nosso profundo interior e que está além do simples cargo ocupado ou de uma mera persona. Pensar em Ética e viver a Ética por um Sacerdote de Umbanda está em assumir sua verdadeira missão de vida e praticar seu dom herdado da espiritualidade.

Esse aspecto, de ir além, é o verdadeiro chamado do Self. Não importa como chamemos Self: Jesus, Deus, Oxalá, Daimon, Eu-Superior, entre os outros citados em diferentes obras e religiões. Não importa também onde o coloquemos, quer dentro de nós, nas alturas ou nas profundezas, é ele quem nos orienta e nos encaminha para o tão desejado Processo de Individuação. A ele devemos todo o nosso respeito.

Para Jung o homem vive nos limites entre dois mundos, no mundo material e no mundo espiritual, externo e interno, físico e psíquico, um verdadeiro conflito.

“Quem quiser conhecer a psique humana (…) o melhor a fazer seria pendurar no cabide as ciências exatas, despir-se da beca professoral, despir-se do gabinete de estudos e caminhar pelo mundo com um coração de homem: no horror das prisões, nos asilos de alienados e hospitais, nas tabernas dos subúrbios, nos bordéis e casa de jogo, nos salões elegantes, na Bolsa de valores, nos “meetings’ socialistas, nas igrejas, nas seita predicantes e extáticas, no amor e no ódio, em todas as formas de paixão vividas no próprio corpo, enfim, em todas as experiências, ele encontraria uma carga mais rica de saber do que nos grossos compêndios.”

JUNG, 2014, p. 112

Pensando na responsabilidade não apenas dos Sacerdotes, mas que toda corrente mediúnica tem ao lidar com pessoas que estão em busca de fé, acolhimento e auxílio é preciso muito cuidado, autoconhecimento e consciência para não ultrapassar os limites entre os dois mundos e para se manter dentro da ética e da moral pessoal e fundamentada nos princípios da Umbanda.

Entre os princípios fundamentais da Umbanda está a compreensão e respeito aos Orixás, onde o ponto de força de cada um deles se encontra na natureza que aponta à necessidade de se estabelecer uma relação de respeito para com ela.  Através das inter-relações entre os seres vivos, incluindo recursos encontrados nos reinos vegetal, mineral e animal, é onde se manifesta o Sagrado na Umbanda, o princípio da existência da vida.

Na casa onde frequento, temos a dádiva de termos um Sacerdote que apresenta um discurso muito interessante: “enquanto estivermos presentes nesse espaço sagrado, estaremos trabalhando com amor, respeito e principalmente, dentro dos princípios e ética da Umbanda, do contrário não temos o porquê de estarmos aqui”. Uma fala um tanto reflexiva!

A partir das citações de Jung e do sacerdote acima mencionado, observamos a importância de os trabalhos espirituais serem realizados com amor, ética e respeito ao próximo.

Afinal, amor e poder, apesar de serem opostos, caminham lado a lado. Basta unilateralizarmos, ou seja, nos desequilibrarmos, para o Ego entrar em conflito com o Self e gerar inúmeras e diferentes reações em cada indivíduo.

Quantos sacerdotes, seguindo a hierarquia da Umbanda, confiam a organização de suas casas para outros médiuns, Pais Pequenos e Ogans, que ao invés de utilizar a sua mediunidade ou força espiritual a favor do terreiro e seus adeptos, embriagam-se do poder e renegam o verdadeiro chamado do Self? Assim o conflito instala-se e inicia-se um processo de dominação de território e poderio. Reverberando as consequências na corrente mediúnica e até mesmo nos consulentes.

Quem fala por essas pessoas? Seus egos inflados? E quais são as consequências para esses consulentes? Quantas pessoas procuram a Umbanda para iniciar um processo de cura e de transformação de suas doenças e acabam criando outras doenças em função desse conflito e do abuso de poder desses líderes religiosos e até mesmo dos médiuns do terreiro?

Nos últimos tempos, observa-se muitos líderes religiosos que apenas cumprem seus papéis e funções sacerdotais; fazem uso da sua mediunidade e da espiritualidade que lhe foi designada para controlar e manipular seus fiéis. Utilizam o Código de Ética a favor do seu próprio benefício, promovendo discórdia entre os médiuns do terreiro, gerando insegurança, tendo como consequência desequilíbrio da corrente mediúnica que, além de não sustentar os trabalhos espirituais, sofrem ataques de espíritos obsessores.

Os consulentes que vem à procura de acolhimento e transformação, saem prejudicados mentalmente, emocionalmente e espiritualmente, sentindo-se marginalizados. Esses líderes religiosos se refugiam em seus próprios ideais, adotando comportamentos nobres, egocentristas que mascaram seus conflitos, adotando condutas violadoras.

A sombra existente no ser humano não deve ser combatida e renegada, mas integrada a sua realidade existencial.

A sombra possui um papel fundamental no equilíbrio entre o eixo Ego e Self, que resulta na unificação dos polos e a cisão existente, deve avançar para a sua integração, para uma comunhão.

Conflitos e poder podem gerar insegurança em seus adeptos que – ao invés de encontrar amor, acolhimento e a transformação desejada – encontram pessoas, com seu Ego inflado, que acentuam ainda mais seus conflitos internos que, muitas vezes, vão contra a sua própria ética.

Como citado acima, o Sacerdote de Umbanda possui inúmeras funções dentro de um terreiro, tais como: “coordenar e orientar os médiuns, batizá-los, casá-los, ministrar cultos religiosos e amoldar o caráter e a moral deles de acordo com seus princípios religiosos e os da sociedade que formam e pertencem”. (SARACENI, 2016, p. 222).

Além disso, é responsabilidade do sacerdote umbandista adaptar seus princípios religiosos às leis civis e à constituição do seu país, senão confundirá a mente de seus fiéis, assim como colocará em confronto (…) (Ibid, p. 223).

E quantas são as responsabilidades exigidas de um sacerdote na Umbanda!

Devemos lembrar sempre que antes de ser um sacerdote ele é um ser humano, instável, inconstante e que deve estar sempre atento ao seu interior e revendo suas posturas diante da vida e de seu dia a dia dentro do terreiro. E que além dele, não menos importante, existem outras pessoas para a constituição e sustentação da egrégora do terreiro, os médiuns.  

Ao médium de uma corrente mediúnica, “dele também é exigido que purifique seu íntimo, que reformule seus antigos conceitos a respeito da religiosidade e que se porte dignamente, de acordo com o que dele esperam os orixás sagrados, que o ampararão daí em diante” (VIEIRA E SARACENI, 2006, p.34).

Quantas exigências para um indivíduo que exerce a função de curador. Que além de carregar a responsabilidade de “curar” deve também preparar os médiuns para estarem prontos para receber os consulentes e, principalmente, ajudá-los a trazer consciência a sua função e lidar com seu lado sombrio.

Evolução da consciência na Umbanda

Segundo Saraceni, “a Umbanda é uma religião espiritualista que ensina que a vida é eterna e que a nossa curta passagem aqui no plano material destina-se à evolução, ao aperfeiçoamento e à conscientização dos espíritos.” (2016, p. 27).

“…a consciência é também relativa, pois abrange não somente a consciência como tal, mas toda uma escala de intensidade da consciência. Entre o “eu faço” e o “eu estou consciente daquilo que faço” há não só uma distância imensa, mas algumas vezes até mesmo uma contradição aberta. Consequentemente existe uma consciência na qual o inconsciente predomina, como há consciência em que domina a autoconsciência.”

JUNG, 2013, p. 135

Difícil? Uma situação muito delicada e conflitante para o médium e principalmente para os Sacerdotes.

A nossa evolução psíquica e espiritual depende do nosso autoconhecimento e de como vivemos as nossas sombras, se acolhemos ou reprimimos. Essa evolução estende-se a todos os indivíduos inclusive a líderes espirituais, dirigentes e sacerdotes de Umbanda ou de qualquer outra religião.

Afinal, a função que lhes foi atribuída pela espiritualidade é a de proporcionar aos seus adeptos momentos de reflexão, que os levem a uma conexão com o Divino, com o Sagrado, o Religare, com sua verdadeira essência e não apenas com as vontades do Ego.

A transformação não deve depender da religião e sim da verdadeira conexão com seu Eu interior, com sua verdadeira essência.

Ao Sacerdote são designadas diferentes e difíceis incumbências, responsabilidades e o dever de “cura”. A cura de quem cura ou de quem é curado? O trabalho de reflexão sobre a responsabilidade dos médiuns, consulentes, de si mesmo e a integração das sombras também não é um Ato de Cura?

O importante diante de todas essas reflexões é olharmos para dentro e buscarmos a nossa verdadeira essência, nossa natureza interior, a verdadeira integração corpo- mente- espírito, praticar e viver a religiosidade, o encontro com o Sagrado dentro de nós.

Elaine Bedin – Analista em Formação IJEP

E. Simone Magaldi – Fundadora e Analista Didata IJEP

REFERÊNCIAS:

BANDEIRA, Armando C. O que é Umbanda. São Paulo: Eco,1970.

BEZERRA, Juliana. Umbanda. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/umbanda/. Acesso em: 25 jun. 2023

CORRAL, Janaina A. As Sete Linhas da Umbanda. São Paulo: Universo dos livros, 2010.

JUNG, C. G. O Eu e o Inconsciente.10ª ed. Petrópolis, Vozes, 1987.

JUNG, C. G. A natureza da psique.  10 ª Ed. Petrópolis: Vozes, 1984

JUNG, C.G. A energia psíquica. 11ª. ed. Petrópolis: Vozes, 2014.

JUNG, C.G. Psicologia do Inconsciente.24. ed. Petropolis: Vozes, 2014.

OLIVEIRA, Irene Dias de; JORGE, E. F. C. Espiritualidade umbandista: recriando espaços de inclusão. In: Revista Horizonte, Belo Horizonte, v. 11, n. 29, 2013, p. 29-52.

SARACENI, Rubens. Umbanda Sagrada: religião, ciência, magia e mistérios. 6.ed-. São Paulo: Madras, 2012.

SARACENI, Rubens. Código de Umbanda/ Espíritos Diversos. .7.ed.- São Paulo: Madras,2018.

SARACENI, Rubens. Tratado Geral da Umbanda.4.ed.- São Paulo: Madras,2016.

SILVA, Vagner G. Orixás da metrópole. Petrópolis: Vozes, 1995.

VIEIRA, Lurdes de Campos; SARACENI, Rubens. Manual doutrinário, ritualístico e comportamental umbandista. São Paulo: Madras, 2006.

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